Após mobilização contra o PL das terceirizações, Câmara adia votação

Um dia vitorioso na luta dos trabalhadores, o 15 de abril ficou marcado como o Dia Nacional de Paralisação contra o Projeto de Lei (PL) 4330/04, que estava sendo votado na Câmara dos Deputados, e as Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, de 2014. Durante toda a quarta-feira, trabalhadores de todo o país paralisaram as suas atividades e foram às ruas protestar contra o projeto que   possibilita a terceirização de atividades-fim, e as medidas que retiram direitos dos trabalhadores como o acesso seguro-desemprego e a pensão por morte. O ato nacional foi organizado pelas Centrais Sindicais, entre elas a CSP-Conlutas, e fez parte do cronograma de lutas do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais. Ao final do dia, a Câmara adiou a votação do PL 4330.

Diversas categorias como professores, metroviários, metalúrgicos, petroleiros, portuários, trabalhadores da construção civil aderiram ao dia de luta, que contou ainda com a mobilização do movimento estudantil, do MST e do MTST. “Eu acredito que o dia de ontem [15] foi apenas o início no processo de mobilização que irá se intensificar no país nos próximos meses”, comemora Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN.

O presidente do Sindicato Nacional ressaltou a importância do dia e do alcance que as mobilizações tiveram em vários estados. “Esse dia foi preparado em muito pouco tempo, mas o seu resultado foi positivo em termos de adesões e teve muita repercussão, até pelo fato do Congresso Nacional decidir adiar a votação do PL, previsto para ser votado ontem [15]”, disse. O texto-base do PL 4330/04 já foi aprovado pela Câmara no dia 8 de abril, e ainda faltam 30 destaques a serem votados, para que o projeto siga para o Senado. Já as MPs 664 e 665 ainda não foram apreciadas pelo Congresso.

Ato massivo em SP fecha dia vitorioso

A quarta-feira, que amanheceu com trabalhadores de braços cruzados por todo o país, fechou a tarde com a notícia da readmissão dos metroviários de São Paulo e terminou, na capital paulista, com uma grande manifestação. O ato reuniu mais de 20 mil pessoas sob os gritos de “pode chover, pode molhar, não deixaremos terceirizar”.

Com concentração no Largo da Batata, em Pinheiros, às 17h, o protesto foi encerrado na Avenida Paulista, simbolicamente em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – uma das grandes representantes da patronal.

Em Vitória/ES, a concentração dos trabalhadores para o ato começou às 4 horas em pontos estratégicos, como em frente à Estação Rodoviária  e Terceira Ponte (liga Vitória ao município de Vila Velha). Durante a paralisação, policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) utilizaram de bombas de efeito moral para tentar dispersar os trabalhadores. A violência policial, no entanto, não inibiu os manifestantes que continuaram nas ruas.

 

No Rio Grande do Sul, metroviários, rodoviários, bancários e educadores paralisaram as atividades. A ponte do Guaíba, importante via de ligação da região sul com Porto Alegre, foi bloqueada. Em São José dos Campos (SP), metalúrgicos bloquearam as rodovias Dutra e Anchieta. No Rio de Janeiro, os manifestantes iniciaram o ato na Candelária e seguiram até Cinelândia, em frente à Câmara Municipal. Os petroleiros de diversas cidades fluminenses aderiram também em peso ao Dia Nacional de Paralisações.

Professores, comerciários, bancários, vigilantes, operários e demais categorias fizeram passeata pela manhã no centro de Fortaleza, no Ceará. No Piauí, ocorreu protesto em frente à sede da Eletrobras. Em Natal, no Rio Grande do Norte, ocorreu paralisação na fábrica Guararapes, uma das maiores indústrias têxteis do país, do grupo Riachuelo. Em Sergipe, a categoria petroleira paralisou as atividades durante todo o dia na sede da Petrobrás, em Aracaju, e em Carmópolis. Além do repúdio aos projetos, os trabalhadores protestaram contra a privatização da estatal. Na Paraíba, em João Pessoa, mais de mil pessoas participaram de passeata pelas ruas do centro e os bancários pararam na parte da manhã. Em Campina Grande, houve caminhada pelo centro da cidade. Na capital de Pernambuco, Recife, houve paralisação e passeata de rodoviários, funcionários dos correios, professores estaduais, entre outras categorias. Em Minas Gerais, o dia começou com paralisações de fábricas, gráficas e o bloqueio da BR-381. Houve ato unificado pela tarde no centro da cidade, em Belo Horizonte. Na capital federal, houve ato na rodoviária com caminhada até o Congresso Nacional.

Seções Sindicais

O ANDES-SN, por meio da circular 81/2015, orientou suas seções sindicais a realizarem esforços para se incorporarem no dia de paralisação, a partir dos seus fóruns de decisão. Nas universidades estaduais do Paraná (Unespar) e do Oeste do Paraná (Unioeste), ocorreram atividades de mobilização dos docentes com panfletagem e palestras. Na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), a Associação dos Docentes da Ufpel (Adufpel SSind) se juntou ao ato público com outras categorias de trabalhadores contra as medidas que atacam os direitos dos trabalhadores. Docentes da Universidade Federal Fluminense (UFF) realizaram panfletagem em diversos campis da instituição. Pela tarde, os docentes da UFF, junto aos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e técnicos, participaram com outras categorias da manifestação no centro do Rio.

Estudantes e trabalhadores da Universidade de São Paulo (USP) fecharam os portões da instituição e bloquearam duas vias. A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), junto com estudantes da Assembleia Nacional dos Estudantes (Anel), fecharam a Avenida dos Portugueses, em frente à universidade. As universidades estaduais da Bahia (Uneb), de Santa Cruz (Uesc), Sudoeste da Bahia (Uesb) e Feira de Santana (Uefs) aderiram em peso ao Dia Nacional de Paralisações. Houve o fechamento dos portões da Uneb e panfletagem em frente ao campus I, em Salvador. A comunidade acadêmica somou forças ao grande ato em defesa da classe trabalhadora. Na Uesc, houve ato público em Ilhéus e em Itabuna. Na Uesb, os docentes suspenderam as atividades durante todo o dia e participaram do ato público realizado em Vitória da Conquista. A Uefs se juntou também ao ato público junto com outras categorias.

No Amapá, docentes e técnico-administrativas da Universidade Federal do Amapá (Unifap) paralisaram suas atividades e participaram de ato unificado com outras categorias. O mesmo ocorreu em Belém (PA), docentes das universidades Estadual e Federal do Pará (Uepa e Ufpa) participaram de ato unificado com professores da educação básica, operários da construção civil, bancários. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) as aulas também foram paralisadas. No Maranhão, houve ato em frente ao campus da Universidade Federal do Maranhão (Ufma).

Para Rizzo apesar da vitória de ontem, “nada está resolvido” e que é preciso acompanhar com atenção o PL 4330, que ainda está em pauta. Nesta quinta-feira (16) a CSP-Conlutas se reunirá com suas entidades filiadas para avaliar o resultado do Dia Nacional de Paralisação e definir os próximos passos.

*Com informações da CSP-Conlutas. Imagem de MTST e CSP-Conlutas.

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Fonte: ANDES-SN ( com informações Adufes)