NOTA DA DIRETORIA DA ADUFES SOBRE A ADOÇÃO DO EARTE

Desde o início da implantação das atividades de ensino remoto pela Ufes, a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) vem se manifestando contrariamente à adoção desse modelo, por tratar-se de alternativa que intensifica ainda mais o trabalho docente, que não parou em nenhum momento desde março, quando foram suspensas as atividades presenciais, pois foram mantidas as demandas administrativas, de pesquisa e extensão. Também reiteradamente reivindicamos da reitoria que o debate sobre essa implantação fosse feito de forma ampla, democrática, com prazos razoáveis e exequíveis, o que não ocorreu.

Já no mês de maio a comunidade acadêmica respondeu uma enquete da Ufes em que algumas questões tratavam da adoção do ensino remoto e mais da metade, tanto de estudantes quanto de docentes, respondeu negativamente à implantação do ensino remoto em substituição às aulas presenciais, estas sem previsão de retomada, em segurança. Esse dado, produzido pela própria instituição, foi ignorado pela reitoria, que seguiu em frente com passos aligeirados, optando pela exclusão de milhares de discentes que não poderão participar do semestre especial em formato virtual.

A decisão da Ufes pelo “ensino-aprendizagem [sic] remoto, temporário e emergencial” (Earte) foi tomada unilateralmente pela reitoria, pois não foi submetida aos Conselhos Superiores. O que foi levado aos Conselhos Universitário e de Ensino, Pesquisa e Extensão foram resoluções que normatizam apenas a forma de implementação do Earte, como se sua aprovação tivesse ocorrido.

A publicação das resoluções do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) que tratam do Earte fecha o primeiro momento de um período triste que viveremos na Ufes, marcado pelos aspectos anteriormente indicados e também pela ação incansável de conselheiras e conselheiros que, comprometidos com a educação pública, não esmoreceram durante as discussões e revelaram as contradições de todo esse processo.

A título de exemplo, o Art. 1º da resolução do Earte na graduação foi apreciado pela instância pertinente, o Cepe, quando, efetivamente, aspectos de sua implantação supostamente aprovada já haviam sido deliberados pelo Conselho Universitário dias antes. O resultado da votação do referido artigo no Cepe foi de 20 votos favoráveis ao Earte e 13 votos contrários. Entre os 20 votos favoráveis, estão quatro votos da gestão (vice-reitor e três pró-reitores). Portanto, a narrativa de que o Earte teve acolhimento amplo, unificado e que se deu sem contradições e divergências não é algo que possa ser afirmado com base nos dados da realidade objetiva das discussões efetivadas.

A Adufes prosseguirá acompanhando e intervindo alinhada com a comunidade acadêmica na defesa da educação pública para todas e todos e para que ninguém fique para trás.

Vitória – ES, 19 de agosto de 2020.

Diretoria da Adufes

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