Adufes cobra posição do reitor sobre os conflitos de rua e difamações a docentes

 

A reunião com Reinaldo Centoducatte será segunda-feira, 05, às 17 horas, na reitoria da universidade.

A diretoria do sindicato, acompanhada por um grupo de professores, vai pedir que a administração central da Ufes se manifeste publicamente sobre as ações arbitrárias e truculentas da PM do governo Renato Casagrande nas  manifestações de rua em Vitória, além de cobrar um posicionamento sobre as declarações de que professores são artífices de tais protestos.

Ao qualificar, genericamente, os manifestantes como “baderneiros” e o movimento como “baderna”, o governo está atingindo a própria universidade já que vários alunos e professores da instituição têm participado dos atos.  Como os demais manifestantes, docentes e alunos estão exercendo o legítimo direito de protestar nas ruas, garantido pela Constituição, e cabe às autoridades respeitá-lo.

 Cenário de caos. No último 19/07, uma passeata, que começou pacífica na Enseada do Suá, em Vitória, terminou em cenas de guerra no centro da cidade. Alunos e professores da Ufes assistiram a polícia prender e a atacar com violência, de forma indiscriminada, quem estava protestando. Sem ter como fugir, as pessoas inalaram gás lacrimogêneo e foram atingidas por bombas e balas de borracha. 


Dezenas de prisões foram efetuadas de forma arbitrária e política, tanto assim que todos os detidos tiveram que ser liberados. Episódio também lamentável ocorreu em  15/07 durante a votação do projeto que pedia a redução do pedágio da Terceira Ponte. Pessoas foram impedidas de entrar na Casa do Povo para acompanhar à sessão e, da mesma forma, a PM agiu de forma violenta, agredindo os manifestantes.

Recrudescimento. Em entrevista na quarta-feira (24/07), o secretário estadual de Segurança, André Garcia,afirmou que “não vai mais tolerar manifestações” e , que novo ato terá acompanhamento não mais pela polícia de trânsito, mas pelo BME (Batalhão de Missões Especiais) e pela Rotam (Ronda Ostensiva Tática Motorizada). E o secretário foi mais além ao se referir à organização do movimento. Responsabilizou os docentes de estimular os protestos e até mesmo de enfraquecer o estado dito democrático.

Observamos a presença de muita gente de meia-idade, que organizam o movimento, mas não se expõem, colocam os jovens na frente. É intensa a ação nas redes sociais, com muita boataria e meias verdades. Uma espiral de insanidade está estabelecida”, disse. Em seguida acrescentou: “Há uma deliberada ação de tirar legitimidade do poder público de reprimir. Noto que algumas meias verdades vêm de professores. Há pessoas que poderiam ajudar, mas não têm noção de responsabilidade”, concluiu.

Difamação. “Tais declarações são antidemocráticas e autoritárias. Isso nos causa preocupação, pois não deixaremos de fazer manifestações em defesa de nossas demandas”, ressalta o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto.De acordo com Rocha, o poder público precisa criar canais de diálogo e de negociação, –  não de recrudescimento policial – ,  com a sociedade para, juntos, debater e encontrar saídas às reivindicações que seguem sem respostas. “Nos próximos dias 06 e 30 de agosto, os trabalhadores de todo o país voltarão às ruas, e é necessário que as autoridades estejam abertas para ouvir o grito das ruas que colocam as lutas sociais no centro de conjuntura nacional”, conclui. 

 

Fonte: Adufes