Após desinterdição, aulas são retomadas em prédio de Geologia no CCA


Laudo de engenheiro da universidade recomenda que sejam feitas obras no prédio. Apesar das más condições da construção, até agora nada foi feito. 

Desde setembro que o prédio de dois andares que abriga salas de aulas e laboratórios do curso de Geologia do Centro de Ciências Agrárias, em Alegre (sul), estava interditado devido às inúmeras rachaduras nas paredes e outros problemas estruturais. Construído em área próxima a uma encosta, o edifício tem pouco mais de cinco anos e desde sua ocupação já mostrava sinais de perigo.

Às pressas, alunos e professores foram transferidos para um dos andares do prédio da Administração, porém alguns laboratórios ficaram para trás, prejudicando assim o andamento do semestre letivo. Após vistorias e avaliações, um engenheiro civil/geotécnico do Centro Tecnológico da própria universidade emitiu parecer, em 25/02, no qual considerou a edificação segura e que o terreno suporta a estrutura. Entretanto, no mesmo laudo, há as seguintes recomendações: realização de sistema superficial de drenagem, correção de patologias (trincas e fissuras), retificação do aterro e da calçada, além de monitoramento constante da área.

visita diretoria ccaDiretoria da Adufes visita estrutura. Na segunda-feira, 16, o presidente da Adufes, Edson Cardoso, e os diretores Aureo Banhos e André Michelato, estiveram no prédio de Geologia e não gostaram do que viram. Na lateral da fachada são visíveis as inúmeras rachaduras, além de trincas na calçada que leva aos fundos da construção.

Dentro da unidade a situação não é diferente. “Já cobramos providências da universidade, mas até agora nada de concreto foi feito. Há poucos dias estivemos com o reitor e o que ouvimos dele foi ‘tenho certeza que aquele prédio não cai’. Isso pra nós não é suficiente”, disse Edson, lembrando que as aulas foram retomadas sem que houvesse qualquer tipo de reparação na estrutura. 

O prédio foi vistoriado e o parecer do engenheiro excluiu praticamente a possibilidade de perigo. Ele disse que a chance de haver movimentação do prédio (terreno) é quase inexistente, e que podíamos voltar sem problemas”, justificou a chefe do Departamento de Geologia, Ariadne Marra de Souza, durante a visita da diretoria do sindicato às dependências da unidade.  

IMG 7456Ariadne frisou que a construção de rede de drenagem da chuva será a obra mais importante a ser feita pela própria direção do CCA.  Já as rachaduras, como garante o próprio laudo, não comprometem a estrutura do prédio. “De acordo com o engenheiro, as rachaduras não indicam problema mais grave, mas as correções deverão ser feitas apenas por questão de estética”, completou.

Avaliações diferenciadas. No semestre passado, laudos das Defesas Civis Municipal e Estadual apontaram avaliações diferenciadas da situação do edifício.  A Defesa Civil Estadual indicou a inexistência de risco estrutural e sugeriu apenas correções das patologias apresentadas. Em contrapartida, a Defesa Civil de Alegre afirmou existirem danos à estrutura da identificação e deslocamento do solo, mas recomendou apenas medidas de contenção do terreno e acompanhamento geotécnico. Ainda assim, ambos os laudos sugeriram a interdição da edificação, até que medidas cabíveis fossem adotadas. 

Sensação ainda é de insegurança. A ‘desinterdição’ do prédio por parte da universidade causou indignação e revolta.  Muitos dos alunosIMG 7497 de geologia e professores estão com medo, pois temem que o prédio possa desabar. “A sensação de insegurança é grande. Nós, estudantes de Geologia, sabemos que a movimentação do terreno em casos assim costuma ser lenta e pode acontecer uma tragédia”, disse o estudante do 10º período de Geologia, Renato Ferreira.

A maior preocupação, segundo uma docente da unidade, é com a chegada das chuvas.  “Quando começar a chover forte, devo sair ou continuar no prédio? vou dar aula preocupada, pois ficarei pensando na intensidade da chuva. Como posso concentrar-me no trabalho desse jeito?”, questionou. 

Outra professora garante que as rachaduras nas paredes estão aumentando.  “Vários prédios do CCA têm rachaduras, mas o da Geologia está situado em área de risco, então a instabilidade é maior”, frisou.   Na avaliação da comunidade acadêmica é fundamental a construção de muro de arrimo para conter o deslizamento da encosta.  

Reunião ampliada. A retomada das aulas no prédio de Geologia foi um dos principais assuntos debatidos durante a 1ª reunião ampliada da Adufes na segunda-feira, 16, no CCA.  O assunto veio à tona durante as discussões em torno das condições de trabalho que foram agravadas após o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Na avaliação dos docentes, os problemas de infraestrutura se acumulam por todo o campus. Além de rachaduras nas edificações, os professores reclamam de salas de aulas quentes, sem ventiladores ou com aparelhos de ar condicionados que nunca foram ligados porque a rede elétrica não tem capacidade para ligar os equipamentos, o que é também muito grave; há necessidade de contratação de mais professores e de servidores técnico administrativos.

“A acessibilidade do campus é precária, os prédios são mal planejados, as infiltrações e inundações são frequentes, há problemas nas instalações elétricas e ainda damos aula em salas que parecem verdadeiros fornos”, disse o professor e diretor da Adufes, Aureo Banhos.

IMG 7516De acordo com Aureo, muitos prédios do CCA estão localizados em área de instabilidade e risco. “Há pontos nas encostas do morro do CCA que desbarrancaram e rachaduras têm aparecido nas paredes das construções. Outro problema é o Restaurante Universitário (RU) que foi reaberto no semestre passado, mas mostra que já está além de seu limite. As filas são enormes e o estudantes sofrem sob o sol intenso ou sob chuva”, relatou.

Fique Por Dentro. Acompanhe as discussões sobre o andamento da Campanha Salarial e da Pauta Local dos docentes do CCA, Ceunes e dos campi de Goiabeiras e Maruípe (Vitória) no jornal Fique Por Dentro.  A próxima edição do informativo da Adufes sairá em abril e será dedicada à campanha salarial da categoria. Você também pode saber das últimas deliberações pelo site www.adufes.org.br

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Fonte: Adufes