Cine debate sobre emancipação da mulher reúne mais de 200 pessoas no Campus de Goiabeiras

Na manhã desta sexta-feira (20), foi realizado no Cine Metrópolis, na Ufes – Campus de Goiabeiras -, o cine debate do Filme “O Sal da Terra (EUA, 1954). A debatedora foi a professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eblin Farage. A atividade, que foi uma realização da Adufes e do Fórum de Mulheres do ES, reuniu mais de 200 pessoas.

“O Sal da Terra” do diretor Herbert J. Biberman aborda a firme determinação do marido de impedir que sua mulher se envolva no encaminhamento da greve. No entanto, ele enfrenta da parte dela forte determinação para, com outras companheiras, participar do movimento grevista. Além disso, ressalta a evolução de posição das mulheres, que passaram da condição subordinação para igualdade, aliadas em busca do objetivo comum.

A professora Eblin Farage discutiu o tema Participação política das mulheres e a emancipação social numa abordagem fundamentada no materialismo histórico e dialético. “O marxismo possibilita uma análise crítica acerca das relações sociais, dentre elas as de gênero, mediante uma perspectiva de totalidade que não permite fragmentar a realidade, buscando apreendê-la além da aparência, das “representações”, diz. Deste modo, permite ao movimento feminista e aos estudos de gênero instrumentalizarem-se para desnaturalizar as diversas opressões a que estão submetidas as mulheres.

De acordo com Eblin, não é possível discutir emancipação da mulher sem discutir a sociedade de classes. “Partindo do princípio de que a emancipação da mulher está associada à construção de uma nova sociedade, à ruptura com o capitalismo, se faz indispensável para a luta das mulheres introduzir essa perspectiva, uma vez que tem como objeto a sociedade burguesa e como objetivo a sua superação”, apresenta a docente. Ela ainda destaca que é preciso pensar não só na emancipação da mulher, mas também na emancipação do homem.

Sociedade matriarcal. Farage lembra que houve um tempo em que a mulher não era obrigada a cuidar dos filhos e tinha liberdade sexual. “Com o tempo o cuidado com os filhos se individualiza, naturalizado e desumanizado; características do sistema capitalista”, aponta.

Avaliação. Para Gilsa Barcelos, professora do Departamento de Serviço Social da Ufes, o filme possibilitou reflexões muito importantes, como os desafios que envolvem o processo de emancipação feminista e humano. “No Sal da Terra”, os homens se desorganizam com o processo de emancipação das mulheres. Na medida em que eles assumem o trabalho realizado por elas, os homens passam a sentir a problemática cotidiana das mulheres. Quando elas se organizam no espaço público, se sentem empoderadas para dizer sobre o tipo de relação que querem no campo privado. E a luta que parece individual se torna coletiva”, reflete.

A aluna da Ufes Viviane Castro elogiou a iniciativa. “É um avanço o sindicato trazer esse debate, o que significa dizer que o movimento sindical está pautando a discussão sobre gênero, ainda mais quando se reporta a um conceito do materialismo histórico e dialético”, salienta.

A atividade foi uma realização dos Grupos de Trabalho Política Agrária e Meio Ambiente (GTPAUA) e Etnia Classe e Gênero (GTECG) da Adufes. A ação teve o apoio do Fórum de Mulheres do ES, do Cine Metrópolis e da Superintendência de Cultura e Comunicação da Ufes.

Veja aqui as fotos do debate.

Fonte: Adufes