Professores da Venezuela e Itália protestam por melhorias na educação

Professores da Universidade Central da Venezuela (UCV) decretaram uma greve de 24 horas na última terça-feira (5) para protestar contra os baixos salários recebidos pela categoria. No dia 1º de maio, o presidente do país, Nicolás Maduro, divulgou um aumento do salário mínimo 30%, que não se aplica aos docentes e demais categorias regidas por acordo coletivo específico. Com isso, a remuneração dos docentes fica abaixo do valor estipulado como mínimo a ser pago aos trabalhadores venezuelanos. A categoria está desde 2011 sem reajuste.

“A Venezuela entrou no livro dos recordes porque só nesse país um professor universitário ganha menos do que o salário mínimo. Isso não ocorre em nenhum país do mundo”, denunciou Víctor Márquez, presidente da Federação das Associações dos Professores Universitários da Venezuela (Fapuv). No país venezuelano, um professor contratado, em início de carreira para os cargos de instrutor e assistente em tempo integral, ganha 6.200 bolívares (67,15 reais) por mês, enquanto um professor de cargo superior e contratado em condições semelhantes ganha 7.381 bolívares (80,46 reais) mensais.

Além disso, os professores universitários do setor público são amparados por um contrato coletivo que venceu há quatro anos, e nesse mesmo período a inflação aumentou de 20,1% em 2012 para 68,5% em 2014. O presidente da Fapuv lembrou ainda que no ano de 2001, um professor titular, que é a categoria que mais recebe, ganhava 13 salários mínimos; hoje, esse professor, que possui doutorado e pós-doutorado, ganha apenas dois salários mínimos.

Em janeiro desse ano, os docentes levaram as suas reivindicações ao Ministério de Educação Superior, mas o governo disse não ser o responsável pelo precário salário dos acadêmicos, que é definido pelas universidades, apesar de ter limitado o repasse de verbas públicas do orçamento geral para as instituições. A Universidade Central da Venezuela recebeu, no início do ano, somente 38% da quantidade solicitada para o funcionamento da principal instituição de ensino superior do país sul-americano.

Outro problema visível é a falta de materiais para as aulas práticas dos estudantes, principalmente de insumos importados, por exemplo, não existem reagentes na escola de Bioanálise e material para as aulas da escola de Odontologia da UCV. Docentes de outras universidades, como a de Carabobo e dos Andes, também estão estudando ações para protestar contra os baixos salários.

Italianos também saem às ruas em defesa da educação pública. Também na terça-feira (5), cerca de 500 mil italianos, entre eles professores e estudantes, marcharam pelas ruas do país para protestar contra a reforma educacional, propostas pelo primeiro ministro, Matteo Renzi. Cerca de 80% das instituições de ensino italianas permaneceram fechadas.

Apesar da reforma educacional prever a contratação de mais professores e um plano de formação para os docentes, a comunidade acadêmica das diferentes escolas teme que as mudanças levem à privatização das instituições. Entre os muitos pontos controversos da reforma proposta por Renzi, está a concessão de “super poderes” aos diretores dos colégios e a permissão de financiamentos privados a escolas públicas.

Outro problema é vinculação do reajuste salarial dos professores que serão contratados à avaliação por mérito, sem considerar o tempo de profissão.

Fonte: ANDES-SN