Professores da Ufes rejeitam greve


A secretária geral do Andes-SN, Cláudia March
, participou da plenária.

Em assembleia na tarde dessa terça-feira (07), os professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) decidiram que não vão aderir ao movimento grevista das instituições de ensino superior federais, iniciado em 28 de maio. A plenária, realizada no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras/Ufes, em Vitória, teve transmissão ao vivo  pelo canal Youtube.

O placar de votação foi fechado em 65 a favor, 81 contra e 4 abstenções. O encontro durou quase 4 horas. O auditório ficou lotado de docentes e muitos estudantes foram acompanhar de perto a discussão. A secretária geral do Andes-SN, Claúdia March, que tem participado das mesas de negociação com o governo federal, aproveitou para fazer um diagnóstico da greve e do andamento do processo negocial.

claudia march 1De acordo com Claúdia, 39 das 65 seções do sindicato nacional docente estão neste momento em greve. “Há pouca disposição do governo em negociar nossa carreira. Ele acena com a possibilidade de criar grupo de trabalho sem prazo definido para discutir o assunto e outros pontos da nossa pauta. Não aceitamos isso”, disse.

Ela falou também dos motivos que levaram o Fórum dos Servidores Públicos Federais (SPF), do qual o Andes faz parte, a rejeitar a contraproposta de reajuste de 21,3% parcelado em quatro vezes – 2016 (5,5%), em 2017 (5,0%), em 2018 (4,75%) e em 2019 (4,5%). O índice, na avaliação do Fórum e do Comando Nacional de Greve (CNG) docente é inferior aos 27,3% reivindicados para janeiro do ano que vem. “Isso é um confisco salarial. O governo ignora a inflação e projeta um achatamento para os servidores de 4 anos”.

A diretora do Andes criticou ainda a posição do MEC em cortar R$ 9 bilhões no orçamento para a Educação. “O contingenciamento nas universidades será de 10% no custeio e 47% do capital. No quadro nacional, algumas universidades enfrentarão dificuldades já em agosto”, contabilizou Cláudia, afirmando que muitas instituições não terão recursos para pagar contas de água/luz e que obras em andamento terão que ser paralisadas.

Abertura dos debates.
Vários professores/as usaram o microfone para expressar opiniões divergentes a respeito da possibilidade de greve na Ufes. Os que defenderam “não” à greve disseram que diante do atual cenário de crise econômica e política do país, o movimento não seria adequado neste momento.

Para outros, no entanto, os motivos para iniciar uma greve são bem claros. A greve ainda é o melhor instrumento que os trabalhadores possuem para pressionar o governo a negociar a pauta de reivindicação docente que inclui, entre outros itens, a reestruturação da carreira, corrigir a defasagem salarial e ampliar o repasse de verbas às universidades federais.

Desta forma, a categoria não descartou a possibilidade de voltar a discutir a greve no início do próximo semestre letivo. Durante as falas, vários professores/as mostraram-se preocupados/as com os cortes de 9 bilhões na Educação e como esta medida ataca diretamente às universidades. Outra constatação é que a política de ajuste fiscal vai implicar também na suspensão de concursos públicos, redução de bolsas de permanência e pesquisa, por exemplo.

Assim que o microfone foi aberto a quem mais quisesse se manifestar, um grupo de estudantes entrou na plenária portando cartazes com mensagens denunciando a precarização estrutural em vários cursos e os cortes em Programas de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) – voltada para a formação docência – ou em ações do programa de assistência estudantil. “É um desrespeito com alunos que cumprem com seus compromissos de estudar, de fazer as atividades que são propostas”, desabafou um estudante.

Crise financeira.
Durante a plenária não faltaram também relatos sobre problemas nos Departamentos da universidade provocados pela escassez de recursos, o que estaria prejudicando o ensino, pesquisa e extensão. “No meu departamento, por exemplo, a sala de reunião dos professores foi extinta, as reuniões com as chefias são cada vez mais escassas e até o nosso cafezinho foi cortado”, pontuou um docente. Outra professora lembrou que, enquanto faltam recursos na educação pública, as benesses no setor privado são mantidas.

Pauta docente. A pauta do setor das instituições federais de ensino superior está dividida em 5 eixos: a defesa do caráter público da educação, as condições de trabalho, garantia de autonomia, reestruturação da carreira, e a valorização salarial dos professores/as ativos/as e aposentados/as.

Eleição delegados. Na Assembleia foram eleitos o delegado e os observadores ao 60º Congresso do Andes (Conad) que será realizado entre os dias 13 e 16 /08, no Auditório do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas ( CCJE), no campus de Goiabeiras/Ufes, em Vitória.

O 60º CONAD discutirá temas fundamentais para a categoria docente, atualizará o plano de lutas do Sindicato Nacional, elaborado durante o Congresso da entidade e apreciará a prestação de contas do ANDES-SN. O tema central do encontro deste ano é a “Atualização da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores, da liberdade de organização sindical dos docentes para enfrentar a mercantilização da educação”.

A plenária da Adufes indicou o professor e vice-presidente do sindicato Rafael Vieira Teixeira para delegado. Os professores observadores são: Alexandre dos Santos Anastácio, André Michelato, Aureo Banhos dos Santos, Cenira Andrade de Oliveira, Francisco Mauri da Conceição Freitas, Leonardo de Resende Dutra, Gillberto Augusto de Oliveira, José Antônio da Rocha Pinto, Raphael Góes Furtado, Renata Couto Moreir e Valter Pires Pereira.

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Fonte: Adufes