Comunicação sindical e popular perde um ícone da luta contra-hegemonica

Vito Gianotti deu valiosa contribuição à comunicação sindical do ANDES-SN, tanto no projeto de elaboração dos materiais de divulgação, como na formação política dos jornalistas e diretores do sindicato.

Continuar a luta por um mundo mais justo, para barrar os retrocessos e na construção de uma comunicação que faça a disputa hegemônica, dê voz e visibilidade aos trabalhadores: essa é a tarefa deixada por Vito Gianotti, ao partir, sem aviso, na última sexta-feira (24). Afinal, como ele dizia: “A luta continua, porra!”.

O escritor italiano, que escolheu o Brasil para viver e para lutar em prol dos trabalhadores, Ele faleceu no Rio de Janeiro, dia 24 de julho, aos 72 anos. Foi velado neste domingo, 26 de julho, no Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro). Operário, dirigente sindical, educador e comunicador popular, ele era coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), o principal centro de formação e produção em comunicação popular e sindical do país e proprietário da livraria Antônio Gramsci, na capital fluminense.

Nascido em Lucca, na Itália, veio para o Brasil em 1964 e aqui construiu parte importante da sua história. Foi um apaixonado pela comunicação e pela história de lutas dos trabalhadores, mantendo-se fiel a eles até o seu último dia. Dentre as suas muitas atividades, ele foi militante na Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e criou o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) junto com sua companheira de vida, a jornalista Claudia Santiago. Nesses pouco mais de 20 anos, o NPC exerceu um papel importantíssimo no campo da comunicação contra-hegemônica, incentivando a criação de sites, jornais, boletins, TVs, rádios, blogs pelo Brasil afora.

“Vito Giannotti era uma referência para todos nós que lutamos pela emancipação da classe trabalhadora. Aguerrido incansável em lutar por uma outra forma de comunicação, como um dos instrumentos para mudar a sociedade. Para ele, a comunicação contra-hegemonica era elemento central para avançar em mudanças sociais”, ressaltou Marinalva Oliveira, 1ª vice-presidente do ANDES-SN e encarregada de Comunicação do Sindicato Nacional.

Um dos principais formuladores do jornalismo sindical, Vito deixa um grande legado para a temática da comunicação popular e luta operária. É autor de vários livros dentre os quais “O que é Jornalismo Operário”, “Cem anos de luta operária”, “Comunicação Sindical: a arte de falar para milhões”, “Muralhas da Linguagem”, “Dicionário de Politiquês” – lançado durante o II Encontro de Comunicação do ANDES-SN em 2010 -, “Manual de Linguagem Sindical” e “Força Sindical, a central neoliberal”.

Gianotti deu valiosa contribuição à comunicação sindical do ANDES-SN, tanto no projeto de elaboração dos materiais de divulgação, como na formação política dos jornalistas e diretores do sindicato. Em outubro de 2013,  Vito participou da mesa de abertura do III Encontro de Comunicação do ANDES-SN, e, na oportunidade, refirmou sua concepção de que “os sindicatos e movimentos em geral só vão poder ser efetivos em suas propostas se dialogarem de uma forma clara com a sociedade, especialmente aqueles setores que vivem à margem dos direitos sociais”. O coordenador do NPC sempre defendia, em suas palestras, que a construção de um discurso contra-hegemônico consistente só ocorrerá quando sindicatos e movimentos sociais “investirem e profissionalizarem o setor de comunicação”.

“O ANDES-SN lamenta profundamente sua morte e se solidariza com sua companheira Claudia Santiago, seus familiares, com a equipe do Núcleo Piratininga de Comunicação. Numa conjuntura de desmonte de direitos dos trabalhadores e da sociedade com uma comunicação hegemônica de interesse do capital, temos a responsabilidade e o desafio de manter o Vito presente!”, afirmou Marinalva.

*com informações do Núcleo Piratininga de Comunicação

Fonte: ANDES-SN