Educação superior no Brasil é refém do mercado financeiro

A palestra foi gravada e em breve será disponibilizada no site e nas redes sociais da Adufes. O professor Valdemar Sguissardi também deixará disponível no sindicato o relatório da pesquisa sobre os “aspectos da política de expansão da educação superior no Brasil”.

A frase é do título foi pronunciada pelo professor Sguissardi na manhã desta segunda-feira (10), durante a palestra baseada na sua pesquisa “Educação superior no Brasil – refém do mercado? Aspectos de um estudo diagnóstico da política de expansão da educação superior no Brasil ou quando a face privado-mercantil se sobrepõe à face pública do Estado”. A atividade foi uma realização da Adufes e contou com a participação da comunidade universitária.

No auditório do Centro Pedagógico, o professor Valdemar abordou a mercantilização da educação superior no Brasil 2002 – 2012. A palestra faz parte das atividades de abertura do segundo semestre letivo da Ufes. O docente mostrou dados referentes ao crescimento de instituições de ensino superior públicas e particulares com fins lucrativos no Brasil. Segundo ele, grande parte das universidades privadas tem trabalhado unicamente para fins lucrativos e não para o ensino de qualidade.

IMG 9999Face mercantil da educação. A privatização e mercantilização estão se sobrepondo aos interesses públicos na educação universitária. De cada 100 instituições de ensino superior, cerca de 80% são privado-mercantis, com fins lucrativos. O professor ressaltou que o resultado do ensino direcionado aos lucros traz consequências negativas aos professores/as e aos alunos/as. “Que qualidade de formação é possível visualizar no ensino privado e que visa ao lucro? Essas empresas estão apenas formando mão de-obra para suprir a demanda do mercado e não sujeitos sociais conscientes”, diz Valdemar.

De acordo com o professor, o Estado está conciliando interesses públicos e privado-mercantis. “As pesquisas apontam que algumas universidades privadas com interesses lucrativos chegam a ter 90% dos alunos com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou com Programa Universidade Para Todos (Prouni). Essas empresas são mantidas com dinheiro público, mas são privadas e visam somente o lucro”, destaca. O docente acrescenta que as maiores empresas ligadas à educação superior possuem ações na bolsa de valores.

“Empresas como a Kroton Educacional e a Anhanguera, que foram fundidas em 2013, valem mais de 12 bilhões na bolsa de valores. Juntas possuem  mais de 1 milhão de alunos nos segmentos de educação superior, educação profissional e outras atividades associadas à educação. E isso acontece em meio a incentivos governamentais para o ensino privado”, relata Valdemar.

A educação privado-mercantil é incentivada pelo Estado em detrimento educação pública, que progressivamente é sucateada por meio de programas como o Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

Crescimento das instituições privada-mercantis. Segundo o trabalho de pesquisa do Professor Valdemar, até 1999, 48% das instituições de ensino superior eram privado-mercantil. Já em 2010, esse número sobe para 77,8%; e em 2015 o número ultrapassa os 80%.

Avaliação do evento. Para a professora do Centro de Educação, Ana Carolina Galvão, a palestra foi muito importante para conscientização e formação de alunos/as e professores/as. “Essa foi uma riquíssima contribuição para fortalecermos nossos espaços de resistência e avançarmos em nossas mobilizações locais frente ao desmonte da educação pública, gratuita e de qualidade”, avalia.

Fonte: Adufes