GTPAUA da Adufes promove jornada “Universidade e Conflitos Territoriais no Campo”

 “Universidade e Conflitos Territoriais no Campo” é o tema da I jornada de debates organizada pelo Grupo de Trabalho em Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA) da Adufes.  A programação (que você confere abaixo) terá duas mesas temáticas com sete apresentações de atividades desenvolvidas pela universidade em comunidades. O evento será nesta sexta-feira, 09, de 8 às 11h30, na sede do sindicato (térreo), no campus Goiabeiras/ Ufes, em Vitória. 

De acordo com a diretora da Adufes, Renata Couto Moreira, a I jornada de Debates GPPAUA tem como objetivo propiciar o intercâmbio de projetos –  extensão, pesquisa e ensino -, desenvolvidos por docentes e alunos/as da Ufes com diversas comunidades no estado. São experiências articuladas com Mulheres pescadoras, Comunidades Quilombolas, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Via Campesina, entre outros movimentos sociais e comunitários. “Vamos debater a necessidade de uma relação mais dialógica da Ufes com as lutas sociais no campo e discutir as experiências de grupos e projetos de pesquisa e extensão que trazem essa perspectiva mais crítica”, ressalta Renata.

Segundo ela, a ideia de realizar a I Jornada surgiu dos participantes do GTPAUA que perceberam que há dentro da Ufes diferentes grupos de pesquisas que se entrecruzam em pontos comuns, principalmente no que tange aos conflitos no campo.  “O intuito é conhecer um pouco as ações, bem como as intervenções/contribuições para os sujeitos dessas pesquisas”, diz a diretora da Adufes.

Caderno de Textos. A I Jornada de Debates Adufes/GTPAUA “Universidade e Conflitos Territoriais no Campo” pretende reunir docentes, estudantes e participantes de movimentos sociais em geral interessados em analisar e debater criticamente os conflitos abordados e, desta forma, avançar na visibilização das ações.  Ao final da atividade, o GT temático local pretende preparar o Caderno de Textos com apresentação de todas as discussões, experiências e projetos de pesquisa e extensão apresentados. 

GTs do Andes-SN.  Os Grupos de Trabalho (GTs) são espaços de debate e formulação do movimento docente e integram a estrutura organizativa do Andes-SN. A exemplo do sindicato nacional, as seções sindicais contam com GTs locais que também realizam atividades e ações que visam subsidiar nas ações do sindicato.

O GTPAUA é um dos grupos ativos da Adufes. Normalmente, seus integrantes se reúnem uma vez por mês na sede do sindicato.  As reuniões são abertas e qualquer associados/as pode fazer parte desse e dos demais GTs.

Conheça projetos que serão apresentados na I Jornada:

MESA I – 8H ÀS 9H20

Cristiana Losekann – ORGANON
“Neoextrativismo: resistências e alternativas a partir dos movimentos sociais”
Apresentaremos dados que evidenciam os avanços das atividades extravitistas na América Latina nas últimas duas décadas e as mudanças nas legislações dos Estados Nacionais que incentivam o setor. Trataremos também de apresentar os processos de resistências e as alternativas que vêm sendo construídos por movimentos sociais na região.

Flávia Ambossmerçon Leonardo – GEPPEDES
“Populações pesqueiras, grandes projetos de desenvolvimento e injustiças ambientais”
Grupo de Estudo e Pesquisa em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento no ES (GEPPEDES) vem trabalhando a partir da observação sistemática do quadro político-econômico que ganhou evidência nas últimas décadas no estado do Espírito Santo, voltado para um modelo de desenvolvimento centrado no incentivo a expansão de grandes projetos de infraestrutura na faixa costeira, tais como portos, atividades extrativas de petróleo e gás, mineração dentre outros. Trata-se de um modelo que tem produzido significativas alterações ambientais e sociais, sobretudo para os grupos que organizam seus modos de vida em torno dos recursos marinhos e estuarinos, como é o caso da pesca artesanal. Dessa forma, o grupo de pesquisa e extensão vem atuando junto às populações pesqueiras artesanais buscando refletir sobre os modos de vida e as condições de trabalho, principalmente diante das mudanças citadas. 

Simone Raquel Batista Ferreira – Occa – Departamento de Geografia/ CCHN/
“Comunidades tradicionais: Territórios em disputa”
Remonta ao momento da Colonização Ibérica o processo de subalternização de povos originários e comunidades tradicionais que viviam no espaço batizado de “América Latina”. Orientados por matrizes de racionalidade distintas da racionalidade eurocêntrica, branca e capitalista, que viam na natureza a sustentação da vida e não a exploração com vistas à acumulação desigual de riquezas, esses povos e comunidades tiveram seus territórios expropriados pelo projeto colonial. Essa relação de poder se perpetua e ainda hoje continuamos a assistir à disputa por esses territórios tradicionalmente ocupados, que representam para o capital grandes reservas de natureza com possibilidade de serem transformadas em mercadoria.

MESA II – 9H30 ÀS 11H30

Adriana Amaral – GECEP – Juventude do MST  –
 “Educação popular, teatro do oprimido e juventude do MST”
O grupo de estudos sobre cultura e educação popular, a partir da concepção freireana de educação popular e das formas de representação do teatro do oprimido, procura desenvolver atividades de extensão junto da juventude do MST, tendo em vista uma aproximação com as experiências de luta no campo que, em meio à barbárie, produziram alternativas históricas de resistência e crítica radical do valor, que podem ser compreendidas nos termos da “pedagogia do oprimido”.

André Michelato Ghizelini – LATERRA
“Campesinato e  agroecologia
Desde a década de 60, a modernização conservadora tem promovido um processo amplo de reconstrução do rural, seja das formas e organização da produção, das relações rural-urbano e do processo de sociabilidade no rural. A partir da década passada, década 2000, uma nova fase da modernização conservadora deu-se início no Brasil, com a intensificação do trabalho e da utilização dos recursos naturais. Sendo assim, a Incubadora de Economia Solidária e o LATERRA, tem dialogado com camponeses na perspectiva de construir experiências que permitam reconstruir um rural na perspectiva da agroecologia, da produção de alimentos e dos agricultores de base familiar enquanto atores.

Gilsa Barcellos – Departamento de Serviço Social/CCJE
A pesquisa O papel da mulher na atividade pesqueira artesanal no Espírito Santo: discutindo gênero, trabalho, políticas públicas e desenvolvimento local trata de uma investigação sobre as mulheres pescadoras artesanais em todo o litoral capixaba. Foi uma pesquisa realizada em parceria com pesquisadoras da Ufes, Emescam,  com a Superintendência Federal  da Pesca e Aquicultura do ES  , com organizações de pescadores e com o Fórum de Mulheres do Espírito Santo. Ela contou com o financiamento do CNPq.

Renata Couto Moreira – Departamento de Economia da Ufes
O Núcleo de Apoio à Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF)/ UFES vem se articulando junto com os movimentos sociais da Via Campesina na construção de uma perspectiva mais crítica ao modelo de desenvolvimento do capitalismo no campo.  Dentre as iniciativas do Núcleo ENFF/Ufes estão ciclos e cursos de formação em diversos temas  (economia, política, cultura, tecnologia, agroecologia, desenvolvimento agrário, entre outros). As ações também envolvem pesquisas sobre a organização de coletivos da juventude e de mulheres nos assentamentos de reforma agrária (RA) como forma de luta e resistência.

Fonte: Adufes