Mulheres ocupam Palácio Anchieta e conquistam reuniões com o governo


A ocupação histórica no Palácio Anchieta por mulheres diversos movimentos sociais do campo e da cidade, realizada ontem, 8 de março – Dia Internacional de Luta das Mulheres -, terminou após mais de 8 horas de intensa negociação. Foram agendadas duas reuniões, sendo uma delas com o Governador Paulo Hartung
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Mulheres camponesasCerca de 2 mil mulheres e homens marcharam em direção ao Palácio da Fonte Grande, sede do Governo, no Centro de Vitória. Na caminhada, o grupo denunciou casos de racismo, machismo, além da intransigência do governo que insiste em fechar as escolas do campo. Durante a caminhada foram feitas diversas intervenções culturais e distribuição de panfletos. 

Também participaram do ato público assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que estão acampados na Secretaria de Educação do Estado (Sedu) há mais de 20 dias.  O objetivo principal da ocupação no Palácio foi solicitar uma reunião com o governador, que vem se negando a atender a reivindicação dos movimentos sociais, que é a manutenção da pedagogia da alternância para os/as alunos/as do campo.

Há quase um mês o governo nos tornou invisíveis e se nega a avançar na discussão da nossa pauta. Queremos a manutenção da pedagogia da alternância adotada nas Escolas de Assentamento há mais de 30 anos”, defendeu Gildete Rocha, professora da cidade de Pinheiros e integrante do MST, no Norte do ES. A expectativa, segundo Gildete, é que o governador reconsidere a proposta inicial de fechamento das escolas e de início de forma oficial ao período letivo. 

Reuniões com o governo. Após um longo processo de negociação que foi finalizado às 23 horas de ontem, terça-feira, entre integrantes dosEntrando no palcio movimentos sociais e secretários do governo, as mulheres conquistaram a realização de duas reuniões. A primeira delas será nesta sexta-feira, 11 de março, às 16 horas, com o Secretario de Educação Aroldo Rocha, na Sedu. Outra reunião deverá acontecer no dia 28, segunda-feira, às 14 horas, no Palácio Anchieta, com o governador Paulo Hartung. Em pauta a permeância das escolas do campo. 

Para a integrante do Fórum de Mulheres do ES, Edna Martins, as atividades do 8 de março reafirmaram a defesa da educação, pública no campo e na cidade. “O Ministério da Educação (MEC) nos últimos anos não apenas aceitou a pedagogia da alternância como também quer vê-la ainda mais disseminada.Mas, o governador, na contramão, quer fechar escolas do campo, possibilitando o aumento da evasão escolar nas áreas rurais”, lamentou. 

Estudantes e professoras da Ufes também participam das atividades do 8 de março. “Diante de uma conjuntura difícil para a vida das mulheres do campo e da cidade, é preciso unidade, luta e ousadia”, defendeu a professora do Departamento de Serviço Social da Ufes, Maria Helena Elpídio que convocou várias turmas para participarem da marcha do 8 de março, em Vitória. 

Dentro do palcioMaria Helena salientou que vivemos ataques a direitos conquistados, proposta conservadoras que tramitam no congresso nacional que nos torna ainda mais vulneráveis diante da violência sexista e o aumento da violência contra nós mulheres no ES apontado pelo Mapa da Violência 2015. Para ela é importante que a comunidade acadêmica se envolva mais nesse debate. 

Veja aqui as fotos do Dia Internacional de Luta da Mulher 

Fonte: Adufes