Professores da Ufes decretam greve por tempo indeterminado contra PEC 55


A paralisação será iniciada na próxima quarta-feira (16/11). Com a decisão, a categoria se junta ao movimento paredista dos técnico-administrativos e estudantes da Universidade que também são contra uma série de medidas do Governo Federal.

A decisão da greve docente veio após uma assembleia histórica realizada na manhã desta sexta-feira, no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras, em Vitória.  Foram 200 votos a favor, 159 contra e cinco abstenções. Depois de optarem pela paralisação, os professores votaram novamente, decidindo que ela será por tempo indeterminado.


O movimento paredista é em protesto à PEC 55/16 – antiga PEC 241/16 já em tramitação no Senado – e que prevê o age11 11 cartao votaocongelamento dos investimentos públicos em todas as áreas pelos próximos 20 anos, nas três esferas de poder. A categoria também é contrária à Medida Provisória 746, que reforma o ensino médio; às reformas trabalhista e previdenciária; e ao projeto de lei Escola sem Partido.

Os docentes também questionam a proposta de emenda à Constituição (PEC 53/2016), de autoria da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que define a educação como “serviço essencial” e limita o direito de greve, representando assim mais um ataque aos trabalhadores e à educação.

age 11 11 rochaCaos. “A situação da nossa universidade já é crítica e vai piorar caso essa PEC 55  seja aprovada”, destacou o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, ressaltando que o movimento se estende a todos os campi da universidade (Vitória e interior do ES).

Muitos docentes usaram o microfone para demonstrar suas preocupações com as condições estruturais da universidade, que sofre com constante falta de verbas, cortes de bolsas, além de material básico de consumo.

“A PEC 55 é um projeto que privatiza a universidade pública brasileira e nós professores não podemos ficar inertes diante desse desmantelamento”, ressaltou um professor. Ainda de acordo com a categoria, os cortes vão atingir drasticamente pastas importantes como Educação, Saúde, Infraestrutura e Segurança Pública. Já a nova reforma na previdência dificultará o trabalhador a conseguir a aposentadoria.

age 11 11 estudantesApreensão estudantil. Enquanto ocorria a plenária, que durou por quase cinco horas, dezenas de estudantes foram para o local acompanhar a votação da Assembleia Geral dos professores da Ufes. Com o espaço lotado, o acesso ao auditório ficou restrito aos docentes. Aos gritos de “Greve Sim” e de “Greve Não” e cartazes com dizeres “Ocupa” – em referência as ocupações estudantis em sete prédios da instituição, além da Rádio Universitária -, os alunos favoráveis ao movimento comemoraram o resultado da votação. 

Comando local de Greve (CLG). Para a coordenação da greve e de todas as atividades de lutas, a categoria aprovou na Assembleia a criação de um Comando Local de Greve (CLG). Na próxima semana, o CLG deverá se reunir para definir a agenda de mobilizações e traçar todas as estratégias de resistência nos campi de Vitória, Alegre e São Mateus (sul e norte do ES, respectivamente).

Universidades em greve.  Com essa decisão, a Ufes se soma a outras universidades federais que já deflagraram greve da categoria docente contra a PEC 55 e a MP 746/2016: Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Alfenas (Unifal), a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Os docentes da Universidade de Pernambuco (UPE), instituição estadual, também deflagraram greve com pauta local, e em protesto à PEC 55 e à MP 746/2016.

Alteração orçamentária. Antes da aprovação da pauta da greve – realizada por meio de cartão de votação para docentes filiados e não filiados à Adufes – ocorreu outra assembleia que discutiu ajustes no orçamento da entidade.  Por maioria, os filiados do sindicato aprovaram a proposta de reorçamentação. A mudança começou a ser discutida na última assembleia da categoria, ocorrida em 07/11, mas acabou não sendo votada. Veja fotos das plenárias

Fonte: Adufes