Professores relatam falta de infraestrutura no campus de Alegre

O retorno das atividades acadêmicas na próxima segunda-feira, 27, será marcado por antigos problemas. Docentes cobram transparência sobre a crise financeira da universidade

O cotidiano dos professores do campus de Alegre, no Sul ES, não combina com o cenário de um centro de excelência com elevada produção científica.  Muitos são os docentes sem gabinetes, que são salas onde também trabalham e recebem os discentes para orientação. A chegada dos novos selecionados do Sisu aumenta a preocupação, pois faltam salas de aulas e laboratórios apropriados, o que deverá comprometer seriamente a qualidade do ensino.

“Cursos foram aprovados sem levar em consideração a falta de infraestrutura do campus, ou seja, tudo foi feito com laboratórios e salas de aulas fictícias, apenas em projetos”, desabafou um docente durante Plantão Jurídico e da Diretoria.  O encontro, que ocorreu durante o recesso acadêmico (no último dia 14), mostrou que o número de discentes da universidade cresceu e a infraestrutura física, no entanto, não a acompanhou.

“São coisas desse tipo que vão desgastando, desmotivando. Temos ótimos docentes, mas carecemos de estrutura adequada para o ensino, a pesquisa e a extensão minimamente de qualidade”, relatou uma professora.   A nova estrutura do Centro de Ciências Agrárias (CCA), que foi transformada no final de 2015 em dois centros – Ciências Agrárias/Engenharias (CCAE) e Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS) –, é considerada um avanço, porém os problemas diários são antigos e permanecem sem solução.

O serviço de limpeza, segundo a categoria, anda precário na unidade. A explicação estaria na redução do número de trabalhadores terceirizados. Da mesma forma, a assistência técnica de equipamentos, como impressoras e data shows, segue irregular.  “Temos equipamentos que estão há mais de seis meses no conserto, porque a universidade não paga o serviço” denunciou outro docente.

As precárias condições de trabalho e estudo cada vez aumentam. Há salas em condições insalubres, sem ventilação, climatização e sem acústica adequadas. Devido à insuficiência de professores, muitos estão sobrecarregados de trabalho, exercendo suas funções de ensino, pesquisa, extensão e acrescendo com tarefas burocráticas pela falta de técnico-administrativos.

alegre prdioSegundo os docentes, a crise ainda não está tendo repercussão maior porque as aulas ainda não recomeçaram. Mas, com o retorno dos alunos ao campus, na próxima semana, os sinais poderão se tornar mais evidentes.

Na biblioteca, falta o acervo básico. “Podemos perder aprovação de cursos porque não temos livros. Há dois anos que não fazemos o pedido”, relataram os docentes. A última compra, segundo eles, ocorreu em 2014, sendo que os livros só chegaram no ano passado. Depois da data citada não houve mais nenhum pedido.

Cortina de silêncio. A reitoria, no entanto, vem evitando dar publicidade à crise financeira enfrentada pela universidade. No final do ano passado, a Administração Central até falou das dificuldades financeiras para a comunidade universitária através do jornal institucional Informa, mas desde então não deu mais detalhes sobre o assunto.

A reitoria, na avaliação dos docentes, está “apática” e “não tem dialogado” com a comunidade acadêmica sobre a situação orçamentária a ser enfrentada. “Vamos pedir uma reunião com a reitoria para propor um cronograma de resoluções. Assim podemos cobrar efetivamente, mas precisamos que os professores façam corpo frente essa luta”, alegre rocha e jerizelembrou o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto. O sindicato ficou de agendar nova reunião em Alegre para listar os problemas e definir ações junto à Administração Central.

Plantão Jurídico. Na conversa com o advogado da Adufes, Jerize Terciano de Almeida, os docentes do CCAE e do CCENS esclareceram dúvidas sobre direitos de insalubridade e periculosidade no ambiente de trabalho, Funpresp e, principalmente, sobre a Reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. “Temos, todos, que ficarmos atentos à tramitação desta reforma que endurece as regras de aposentadoria”, alertou Jerize.

Os prejuízos, segundo o advogado, serão maiores para os que ingressarem no serviço público após a eventual promulgação da Proposta de Emenda Constitucional 287. Ele lembrou que os atuais servidores também perderão direitos, em graus variados, conforme a idade e a data de ingresso na administração pública.

Fonte: Adufes