“Reforma da Previdência é para favorecer bancos e rentistas”, dizem especialistas em Vitória

Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), e Nildo Ouriques, professor UFSC fizeram palestra no Ifes e na Adufes na quarta-feira 22

Que dívida pública é essa que não para de crescer e que leva quase a metade do Orçamento? Qual é a contrapartida dessa dívida? Onde é aplicado esse dinheiro? Esses e outros questionamentos movimentaram as discussões do Seminário Estadual “A Dívida Pública e o Capitalismo Rentista no Brasil”, no auditório do Ifes, em Vitória.  Rodrigo Ávila fez uma explanação sobre a origem da dívida e lembrou que ela não resulta de financiamentos para a realização de obrigações do Estado, como se supõe.

“A mídia e o mercado financeiro tentam passar a imagem de que somos irresponsáveis, caloteiros, mas será verdade o que diz o governo, que a dívida é realmente resultado excessivo de gastos com a previdência? É o que vamos saber”, afirmou Ávila, destacando que a dívida se trata de um sistema que visa manter privilégios concedidos aos bancos, como juros elevados e cumulativos.

Para ele, os trabalhadores precisam entender esse  endividamento do estado brasileiro e a ligação entre a falta de desenvolvimento socioeconômico do país com gastos abusivos no pagamento de juros da dívida pública. Lembrou que em 2000 ocorreu plebiscito nacional em que seis milhões de brasileiros votaram não à continuidade do pagamento da dívida, sem realização da auditoria que, inclusive, está prevista na Constituição de 1988.

sem divida frente capixaba“Sucessivos governos não quiseram fazer a auditoria oficial.  Após o plebiscito, os sindicatos e outros integrantes da sociedade civil organizada criaram a organização não governamental Auditoria Cidadã da Dívida”.  Lembrou inclusive que a dívida é um poço sem fundo. Segundo ele, o estado brasileiro pagou o FMI contraindo mais dívida interna, com juros maiores, prazos menores, e o que pior, aplicando a politica do Banco Mundial cuja cartilha é de privatizações, reformas e maldades contra os trabalhadores.

Política de arrocho. O professor de Economia e Relações Institucionais da Universidade Federal de Santa Catarina, Nildo Ouriques, iniciou sua fala de análise de conjuntura lembrando que o Brasil é a 8ª economia mundial, mas que teve e tem o seu crescimento 

voltado exclusivamente para beneficiar o sistema financeiro e os rentistas.  Na avaliação dos dois palestrantes, os funcionários públicos, que já estão arrochados, sofrerão ainda mais com a política de ajuste fiscal e reformas do governo.

“O governo todo dia comemora que a inflação está caindo, mas não mostra que milhões brasileiros estão no abismo social pagando com desemprego e com a queda da renda. Estudos do Diesse mostram que mais 80% da força trabalho do país ganham até dois salários mínimos, ou seja, temos muita miséria, exploração da força de trabalho, desamparo total”, disse.

O professor afirmou que o momento é crítico e que a classe trabalhadora precisa se preparar para os embates que virão. “O governo não pode investir todos os seus recursos em pagamento da dívida. É preciso construir e financiar hospitais, escolas, enfim, executar uma série de atividades que necessariamente têm que ser feitas pelo Estado”, finalizou.  

Fonte : Adufes