Nota Política do ANDES-SN sobre o segundo turno das eleições presidenciais de 2018

A  escalada  da  violência  e  a  intolerância  política  tem sido  uma  tônica  na  atual conjuntura,  com proliferação   de  fake  news  e  ataques  violentos  organizados  por  grupos  ligados  à  extrema-direita.  Como denunciado  em  nota  da  diretoria  nacional,  Não  toleraremos  o  ódio  e  a  violência,  “o  ódio  e  as  práticas fascistas   invadem  as  universidades   e   colocam  em  risco   a  vida  de  docentes,   discentes,   de  técnico(a)s- administrativo(a)s/universitários  e do(a)s trabalhadore(a)s  terceirizado(a)s”.

Inúmeros  fatos  têm sido  denunciados,  de  ameaças  que  vão  de  agressões  verbais,  físicas  e  até mesmo  casos  de  morte,  inclusive  com  repercussão  internacional  como  o  caso  do  artista  baiano  Moa  do Katendê,  morto  por  motivações  políticas,  no  dia  6  de  outubro.  De  acordo  com  levantamento  do  jornal El País Brasil, já são  mais de 50  casos de ações violentas contra quem manifesta posição  contrária ao  candidato da  extrema-direita.  Esses  casos  são  tão  graves  que  a  OAB  e  a Defensoria Pública de alguns estados criaram uma  plataforma  de  combate  à  intolerância  política.  As  violências,  física  e  simbólica,  têm  se  espalhado  pelo país,  nas fábricas  e nas universidades,  no campo  e nas cidades.

Compreendemos  que  a  mão  que  picha  muros  de  igrejas  e  paredes  de  instituições  de  ensino com  símbolos  da  suástica,  imagem  ligada  diretamente  ao  nazismo,  é  a  mesma  que  tem  manifestado  toda intolerância  e  preconceito  nos  muros  do  país,  com mensagens  de  ódio  a  gays,  lésbicas,  transexuais,  travestis, negro(a)s,  indígenas,   nordestino(a)s.   As  Universidades  têm  sido   um  grande  alvo,   colocando   em  risco   o ambiente  de debates democráticos  que, em regra,  sempre permeou  o ambiente  universitário.

Tais  ações  visam  intimidar  o(a)s  trabalhadore(a)s,   estudantes  e  movimentos  sociais;  de  um  lado,   amedrontar  quem  defende  um  projeto  diferente  do  fascismo,  as  liberdades  democráticas;  por  outro lado,    fragilizar    a    resistência    aos    possíveis    ataques    ultraliberais,    como:   (a)    aplicação    da    Emenda Constitucional  95/2016  (congelamento  de  recursos  à  saúde,  à  educação  e  às  políticas  sociais  por  20  anos); (b)  demissão   de  servidore(a)s  público(a)s  (que  agrava  ainda  mais  os  problemas  no  serviço  público);  (c) entrega  do patrimônio  nacional;  (d) reforma  trabalhista;  (e) reforma  da previdência;  dentro  outros ataques.

Dessa  forma,  a  materialização  de  um projeto  que  visa  mais  ataques  à(o)s trabalhadore(a)s,  um controle  maior  dos  corpos  e  da  moral e ataques às liberdades democráticas têm colocado  em risco  a vida de diverso(a)s  militantes  e  sujeitos  sociais.  No  dia  15  de  outubro,  um professor  do  IFAL  (Instituto  Federal de Alagoas)  sofreu  uma  tentativa  de  atropelamento  por  eleitores  do  candidato  da  extrema-direita.  No  dia  16  de outubro,   em  São   Paulo,  uma  travesti  foi  morta  a  facadas  por  um  grupo  de  cinco  homens  que  gritavam palavras  em  apologia  a  esse  mesmo   candidato.  Várias  seções  sindicais  têm  sofrido  violentos  ataques  de simpatizantes  da  extrema-direita  por  debater  os  perigos  que  a  democracia  corre  no  atual cenário  político. Na UFPR,  o  poder  judiciário  tentou  impedir  a  realização  de  um debate  sobre  fascismo  organizado  pelo  DCE da respectiva  Universidade.

A  barbárie  só  pode  ser  combatida  com a  máxima  unidade,  constituindo  frentes  antifascistas  e pautando  uma  agenda  de  defesa  ampla  das  liberdades  e  dos  direitos.  Por  isso  tudo,  neste segundo  turno das eleições   gerais   do   Brasil,   não   podemos  titubear  sobre  nossa  posição   histórica  contra  o   fascismo   e  as opressões.  É  necessário  que  possamos  nos  posicionar  contra  o  projeto  de  governo  que  ataca  a  educação pública,  a saúde pública,  os direitos  do(a)s trabalhadore(a)s  e as liberdades  democráticas.

Nossa  negação  ao  projeto  fascista  não  significa  adesão  a  nenhum  outro  projeto  que  ora  se apresenta  como  alternativa  nas  urnas,   mas  sim  a  compreensão  de  que  os  projetos  eleitorais  em  disputa representam  patamares   diferentes   da   luta   de   classes   e   o   que   nesse   momento   está   em  jogo   é  nossa possibilidade  ou não  de continuar,  nas ruas, lutando  pelos direitos  do(a)s trabalhadore(a)s.

O  ANDES-SN  reafirma  a  sua  luta  histórica  contra  o  projeto  fascista  e  de  extrema  direita,  o projeto  ultraliberal  e  as  ações  de  ódio  que  estão  sendo  difundidas  pelo  Brasil.  Este  sindicato  se  integra  às frentes  antifascistas  suprapartidárias,  criadas  nos  estados  e  nas  instituições  públicas  de  ensino  superior,  e  se posiciona  contra  o  voto  nulo  e  em branco  no  segundo  turno  das  eleições,  indicando  a  participação  ativa  nos atos  e  mobilizações  em  defesa  da  democracia  e  contra  o  fascismo,  bem como  nas  atividades  do  movimento #EleNão.

O  ANDES-SN  convoca  todas  as  suas seções sindicais a fortalecerem –  nas urnas e nas ruas – essas lutas,  para assim derrotar o fascismo  que tem se expressado  na vida  cotidiana.

Contra as ações e os discursos  de ódio! Contra o fascismo! Pelas liberdades  democráticas!
Por nenhum  direito  a menos!
Não ao capacitismo!  Não à misoginia!  Não ao racismo!  Não à lgbtfobia! Contra qualquer  forma  de preconceito  e intolerância!

OUTROS  ENCAMINHAMENTOS:
– Campanha  de cards na imprensa  do ANDES-SN contra o fascismo;
–  Entrevista  com pessoas  torturadas,  historiadore(a)s  e  outros  professore(a)s  para  fazer matérias e cards com frases de impacto  contra o fascismo;
– Produção de pequenos vídeos  de 1 min  contra as tendências  fascistas  e em defesa da democracia;
–  Pegar  pontos  do  programa  do  candidato  Bolsonaro  que  se  opõem às  deliberações do  ANDES-SN  e fazer
cards contrários  (sobre educação, escola sem partido,  Paulo  Freire,  mulheres,  lgbtti,  questão  ambiental,  etc.);
–  Intensificar  as  ações  para  o  dia  24  de  outubro,  realizando  panfletagens  em defesa  dos  Serviços  Públicos, contra a EC/95 e a terceirização  e em defesa da aposentadoria  pública  e pelas liberdades  democráticas;
–    Convocar   assembleias   comunitárias   nas   Universidades,   CEFET   e   Institutos   Federais   para   realizar atividades  de  enfrentamento  ao  fascismo,  construindo  comitês  e  frentes  em defesa  da  democracia  e  contra  o fascismo;
–  Participação  em frentes  suprapartidárias,  antifascistas  e  em defesa  da  democracia  nos  estados  e  instituições de ensino;
– Construir  e participar  dos atos das Mulheres  convocados  para o dia 20 de outubro  com o #EleNão;
–  Reafirmar  em  nossos  materiais  a  defesa  da  Educação  pública,  gratuita,  laica  e  de  qualidade  socialmente referenciada;  contra  a  retirada  de  direitos;  pela  revogação  da  EC/95  e  da  terceirização  e  em  defesa  da aposentadoria  pública  e das liberdades  democráticas;
– Indicar  no site do ANDES-SN lista  de filmes  de referência  contra o fascismo;
–  Pautar  nos  Conselhos  Superiores  das  instituições  de  ensino,  a  solicitação  de  posição  sobre  a  conjuntura, contra o fascismo  e em defesa da democracia;
– Ver a viabilidade  de construção  de um Informandes especial (on line) sobre fascismo  e ditadura;
–  Assinar  carta  das  entidades  da  educação  a  ser  enviada  à(o)s  candidato(a)s  Fernando  Haddad  e  Manuela
D’Ávila  explicitando  nosso projeto de educação;
–  Participar  no  debate com Fernando  Haddad  e Manuela D’Ávila,  no  Clube de Engenharia,  no  Rio  de Janeiro no dia 19 de outubro  de 2018 para apresentar  o projeto de educação  do ANDES-SN.

Fonte: ANDES-SN