Prestação de contas e debate sobre conjuntura internacional abrem reunião da Coordenação Nacional

O ponto político do primeiro dia da reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, no dia 22, foi dedicado a debater sobre a conjuntura internacional, seus efeitos e as perspectivas para a classe trabalhadora. A continuidade da crise econômica mundial iniciada em 2008, a situação na Venezuela, a luta dos coletes amarelos na França, entre outros temas, foram abordados pelos debatedores e presentes.

Antes da mesa ser composta houve uma homenagem ao camarada Dirceu Travesso, histórico dirigente do setorial internacional da Central, falecido há cinco anos. Didi faria 60 anos de idade no próximo domingo e sua vida dedicada à defesa da classe trabalhadora e à revolução socialista foi lembrada e marcou momento de emoção da reunião.

Em seguida, os dirigentes da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Herbert Claros e Joeferson Almeida deram início às exposições sobre a situação mundial, após a exposição de um vídeo sobre a luta dos trabalhadores “coletes amarelos”, que toma as ruas da França desde o final do ano passado.

Herbert iniciou destacando que a luta dos coletes amarelos relatada no vídeo é simbólica, pois é expressão das contradições do capitalismo mundial, que impõe atualmente uma profunda degradação social e ataques aos trabalhadores em todo o mundo, mas que, em contrapartida, também vem enfrentando muita resistência.

“Vivemos uma guerra social desencadeada pelo capital desde a eclosão da crise econômica mundial em 2007-2008 que segue com seus efeitos e implicações até hoje. Temos assistido a retirada de direitos, ataques às condições de vida, planos de ajustes fiscais. Processos em que a burguesia atua para salvar seus lucros, como fez quando a GM entrou em bancarrota e o governo dos EUA salvou a empresa com dinheiro público, num processo de quase estatização, para depois devolvê-la sanada à iniciativa privada”, disse. “Assistimos processos em que mesmo quando demitem, anunciam fechamento de fábricas, as ações sobem na Bolsa, pois é assim que funciona o capitalismo”, analisou.

A Venezuela, que vive uma grave crise humanitária e política, sob o risco de uma intervenção do governo Trump, com apoio do governo de ultradireita de Bolsonaro, foi destacada por Herbert. “Na atual situação nossa posição deve ser primeiramente de rechaço à ameaça da intervenção imperialista, e isso não há dúvida. Mas também devemos denunciar Maduro e Guaidó, que não representam uma saída para os problemas do povo venezuelano. Só a luta dos trabalhadores e do povo da Venezuela pode mudar a situação do país”, afirmou.

O dirigente falou ainda de inúmeras mobilizações que ocorrem em todo o mundo, citando greves de professores como nos EUA, Palestina e México, categoria que, segundo ele, está na vanguarda das lutas em vários países; a luta dos palestinos contra a opressão do Estado de Israel; greves de metalúrgicos no México, entre outras. Concluiu afirmando que a tarefa da esquerda é dar aos trabalhadores uma perspectiva socialista como saída para a crise.  “Precisamos falar de socialismo, pois só assim não assistiremos mais casos como a tragédia em Brumadinho, o incêndio matando jovens como no CT do Flamengo e outras mazelas”, concluiu.

O professor Joeferson Almeida também centrou sua fala analisando a crise econômica mundial. “Há economistas e analistas que dizem que a partir de 2017 começou a se retomar a recuperação do capital, mas é preciso um olhar mais atento para observarmos que não é bem assim”, falou.

“Os capitalistas e governos usaram de diversos mecanismos para evitar os efeitos mais nefastos da maior crise desde 29 e manter seus lucros. O que vemos é que os empregos criados são precarizados, houve crescimento de PIBs, mas as dívidas públicas dos países e das famílias e empresas cresceram vertiginosamente. Aprofundaram um cenário caótico, que segundo análises, em curto e médio prazo, trará uma crise ainda pior”, explicou.

“É para isso que os trabalhadores têm que se preparar no próximo período e se organizar para enfrentar governos como Bolsonaro, no Brasil, Trump, nos EUA, e o avanço de governos de ultradireita”, disse.

Joeferson também destacou o processo de lutas existente no mundo. “Nesse período vimos que há insatisfação das massas com as alternativas da burguesia. Nossa classe tem procurado novas alternativas. Mas, navegamos um oceano perigoso. A dificuldade da esquerda em apresentar uma alternativa radical resultou em Bolsonaro, no Brasil, em Trump, nos EUA, no crescimento do fascismo na Grécia. O desafio da esquerda é apresentar essa alternativa e ganhar as massas”, afirmou. Sobre a Venezuela, Joeferson defendeu que a principal tarefa no momento é rechaçar qualquer intervenção imperialista no país.

Após a exposição inicial dos debatedores, os presentes no plenário fizeram várias intervenções, demonstrando democraticamente a pluralidade de ideias na Central e enriquecendo o debate. Temas como a situação na Argentina; a luta das mulheres, inclusive o chamado à greve internacional no dia 8 de Março; a reestruturação que vem sendo implementada pelas montadoras como a GM e Ford, também foram temas que se destacaram nas intervenções.

O Setorial Internacional da CSP-Conlutas se reunirá neste sábado para propor resoluções sobre o tema, como sobre a Venezuela, que serão votadas no domingo.

Prestação de contas

No primeiro dia de reunião da Coordenação Nacional, também foi apresentada a prestação de contas da Central referente ao ano de 2018. Após exposição de planilhas de receitas e despesas do período e da Comissão de Finanças tirar as dúvidas do plenário, a prestação foi aprovada pelos presentes.

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Fonte: CSP-Coluntas