NOTA DA ADUFES SOBRE MATÉRIA QUE QUESTIONA A SUSPENSÃO DAS AULAS NA UFES

Em 13 de maio foi publicado texto autoral, a convite de mídia jornalística local, sobre a não adesão da Ufes ao ensino à distância.

O texto confunde a modalidade de Educação a Distância (EAD) com uso de ferramentas tecnológicas como recurso de ensino e aprendizagem, mas não o faz despretensiosamente, uma vez que destaca os “esforços” das instituições privadas de ensino para manutenção das atividades por meio de EAD e não por acaso o autor é presidente do conselho de uma plataforma de investimmentos que objetiva desenvolver o mercado financeiro no Espírito Santo.

Equivocadamente, afirma que somente 8% das universidades federais vem das famílias mais pobres e, portanto, os capixabas estariam financiando a educação dos mais abastados. Conforme assinalado na V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das IFES (2018), realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes, os resultados obtidos “demonstraram que uma parcela significativa de estudantes das IFES era oriunda de famílias das classes C, D e E. […] Tais resultados contribuíram para desmistificar a percepção, inculcada no imaginário do senso comum, de que os estudantes das IFES seriam, em sua maioria, oriundos de famílias dos estratos econômicos mais ricos”.

Além disso, questiona as despesas da Ufes com pagamento de servidoras/es que estaria supostamente sendo “desperdiçado” pela suspensão das aulas. Nesse sentido, vale ressaltar que a Ufes não está realizando aulas presenciais devido à necessidade de garantir o isolamento social que é fundamental para a preservação das vidas, não só de nossa comunidade acadêmica, mas como meio de contribuir para abrandar o aumento de casos da COVID-19 no estado do Espírito Santo. E não há nada mais importante que isso nesse momento.

Ademais, por um lado a Ufes deve preservar e buscar as melhores condições de trabalho, de ensino, pesquisa e extensão, não sendo toda sorte de modelos educativos não presenciais adequados a esse objetivo, por outro, a Ufes não está parada e contribui com dezenas de projetos relacionados à pandemia, como produção de protetores faciais para profissionais de saúde, cessão de equipamentos para diagnóstico da COVID-19, conserto de equipamentos hospitalares, mapeamento do número de leitos hospitalares e respiradores, restauração de camas hospitalares entre dezenas de outros. Veja aqui algumas das iniciativas em andamento na Ufes.

Assim, a um só tempo, repudiamos a atitude leviana de desqualificação da Universidade Federal do Espírito Santo e a tentativa de travestir soluções de interesse mercadológico como relevantes e adequadas ao conjunto da sociedade capixaba.

Por fim, no sentido inverso do texto, concordamos que “os tomadores de decisão” precisam sim, avaliar as saídas para a pandemia no que se refere ao seu funcionamento. Mas a universidade, como lugar da pluralidade, do diálogo e da partilha, deve preservar a identidade dos “tomadores de decisão” como o conjunto da comunidade acadêmica, com escuta atenta e ampla de todas e todos.

Fonte: Adufes