NOTA DE REPÚDIO À RECUSA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO MORAES EM INTERROMPER A GRAVIDEZ DE MENOR VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL

Nós, docentes da UFES, organizadas/os no Grupo de Trabalho Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS)/Adufes, expressamos indignação e repúdio à decisão do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes – HUCAM, da Universidade Federal do Espírito Santo, por se recusar a prestar o atendimento requerido, por direito, pela família de uma criança de 10 anos, grávida por estupro.

Das três situações em que o aborto é autorizado no Brasil, a menina sofria duas delas: foi vítima de estupro e a gravidez traz risco de morte. O procedimento, portanto, era um direito adquirido. Ainda assim a equipe médica recusou-se a  proceder à sua execução.

Com tal recusa, o caso ganhou maior projeção midiática. A justiça, em proteção à vida da criança e da mulher, viabilizou a ida dela para outro estado para a realização do abortamento. Desde pastores, padres, fundamentalistas religiosos até apologéticos do fascismo mobilizaram suas bases para irem ao hospital na tentativa de inviabilizar que o direito da criança fosse efetivado.

É inadmissível que um hospital tenha participado dessa sequência de violências e tenha colocado a vida de uma menina de 10 anos em risco. O fato de ser um hospital universitário, onde estudantes realizam parte de sua formação torna o caso ainda mais grave, em face do princípio que mais dignifica a atividade universitária:  o compromisso com a transformação social. Manter a gravidez teria sido violentar essa criança mais uma vez.