Governo do Estado mantém aulas presenciais em meio ao agravamento da pandemia, suspendendo apenas as aulas na educação infantil

A gestão de Renato Casagrande (PSB) anunciou nesse domingo (14) a suspensão das aulas na educação infantil a partir desta segunda-feira (15) por 21 dias em todo o Espírito Santo. Para a Adufes, a medida é insuficiente. “A decisão deveria valer para todos os níveis e modalidades de ensino, e não somente por um período determinado. A suspensão deveria durar enquanto não houver vacina para todas e todos”, diz a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão.

A justificativa para a suspensão, segundo o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes; e o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo; é devido à ocupação superior a 90% dos leitos pediátricos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública, aumento da pressão assistencial nas unidades pediátricas de crianças menores de cinco anos e à elevação do número de ocorrência de síndromes respiratórias comuns nesta época do ano, sendo este último fator, segundo Nésio, o que ocasiona a necessidade de leitos de UTI pediátricas, e não a Covid-19.

Diante dos dados referentes à infecção por Covid-19  que atinge docentes e estudantes, apresentados pelo secretário de Educação, a Adufes aponta a necessidade de mais transparência nos números. Segundo a Sedu, até o momento, 42 estudantes, em um universo de 64.714 que compareceram às aulas presenciais, foram infectados, o que corresponde a 0,06%. Entre as professoras e professores, o número foi de 31 em um universo de 12.601 que não estão afastados por comorbidades, o que equivale e 0,25%.

“Se esses números estão corretos, então precisamos saber, por exemplo, porque uma mesma escola acumula 11 dos 31 casos. Ou essa escola está numa situação gravíssima e deveria estar fechada ou os números apresentados não estão atualizados”, diz Ana,  com base em informações enviadas à Adufes por docentes que estão nas escolas do estado. Além disso, ela questiona a minimização da importância da vida. “Quando o Secretário fala em “apenas” 0,25%, parece que são aceitáveis os adoecimentos, os riscos e as mortes. Nenhuma perda é aceitável”. Coletivos de professoras e professores têm reivindicado um painel Covid Educação, mas o Governo do Estado simplesmente ignora a demanda, assim como ignora o alerta de que as aulas presenciais neste momento colocam em risco a comunidade escolar.

Outro ponto destacado pela presidenta da Adufes é que o fechamento apenas da educação infantil, assim como as outras medidas anunciadas de restrições sanitárias dão uma falsa sensação de que algo está sendo feito. “Reduzir horário de funcionamento de bares, restaurantes e lojas não vai ser eficaz com a gravidade que estamos enfrentando. É enxugar gelo e passar verniz de que algo está sendo feito, mas sem uma preocupação real com a população. A coletiva de imprensa do domingo demonstrou bem isso, pois a preocupação dos secretários era quase que pedir desculpas ao setor econômico que discorda das medidas, mesmo sendo pouco efetivas”, afirma Ana Carolina.

A presidenta da Adufes salienta que é preciso impedir que o equívoco cometido na educação básica se repita na Ufes. “Reiteramos nossa posição contrária ao retorno das aulas presenciais sem vacinação. Estamos alertas quanto aos debates relativos às aulas durante a pandemia e muito preocupados com o ensino híbrido nesse momento. Uma universidade, que por meio da atuação de cientistas de diversas áreas, tem contribuído para a prevenção à Covid-19 em diversos espaços, não pode tomar uma decisão que negligencia a vida de toda a comunidade acadêmica”, diz

 

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