Ataque à autonomia universitária:  há um ano, reitora eleita pela comunidade universitária foi impedida de assumir 

Em 2019, a professora do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Ethel Maciel, foi escolhida em consulta à comunidade acadêmica para assumir a Reitoria. Ela também foi eleita em Sessão Conjunta dos Conselhos Superiores da Ufes como a primeira da lista tríplice enviada ao Governo Federal. Contrariando a autonomia universitária e a tradição de se nomear o primeiro nome indicado pelas universidades, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez a escolha do atual reitor, Paulo Vargas, desconsiderando o processo democrático e ferindo a autonomia universitária.

Com o crescente autoritarismo do governo, mais de 20 instituições de ensino superior tiveram suas decisões rechaçadas pelo presidente. Segundo o Dossiê “Militarização do Governo Bolsonaro e intervenção nas Instituições Federais de Ensino”  que acaba de ser publicado pelo Andes-SN, “Tais nomeações demonstram, notoriamente, como a devastação autoritária está sendo conduzida pelo Governo Bolsonaro por ações de silenciamento das vozes consideradas dissonantes e pela indicação dos representantes do projeto ultraconservador de educação nas instâncias político-pedagógicas das instituições públicas de ensino, lócus de produção do conhecimento crítico e criativo”.

Ethel seria a primeira mulher a ocupar a Reitoria da Ufes desde sua fundação. Hoje, ela cumpre suas funções de professora e pesquisadora e é uma das principais referências nacionais na luta contra a pandemia da Covid-19. A docente também segue de forma conjunta com outras/os reitoras/es não empossadas/os na luta para que a ação antidemocrática de Bolsonaro seja desfeita.

A Adufes manifesta seu a apoio à professora Ethel Maciel e reafirma que a não nomeação das/os reitoras/es eleitas/os em primeiro lugar  afrontam os princípios da democracia. Contudo, a professora Ana Carolina Galvão, presidenta da Adufes, lamenta que sucessivos governos não tenham, em momento algum, garantido a mudança da legislação de forma que o processo de escolha das/os reitoras/es se encerre dentro das próprias instituições, como defende o Andes-SN na “Proposta do Andes-SN para a Universidade Brasileira – Caderno 2” (p. 25).

 

Adufes