Docentes empossados no Consuni assumem luta pela universidade pública

Novos Conselheiros falam dos desafios que terão pela frente

A conjuntura de crise política, econômica e institucional e o desmonte do Estado brasileiro está presente nas falas dos recém- empossados conselheiros que já estão em atividade, participando de reuniões e de sessões plenárias do Conselho Universitário (Consuni). A escolha da representação docente foi histórica, com o maior número de votantes (857) das eleições para o Consuni no período que foi possível apurar (desde 2003).

Apoio da Adufes. Embora remoto, o pleito deste ano teve expressiva repercussão. Para conscientizar a categoria sobre a importância do processo eleitoral, o sindicato realizou diversas ações de divulgação da eleição. As chapas puderam apresentar suas propostas para a categoria no site e nas redes sociais da Adufes. A entidade também publicou um número especial do informativo “Fique por Dentro” e convidou as sete chapas concorrentes para um debate online.

“Não por coincidência, as 3 chapas eleitas foram as únicas que participaram do debate promovido pela Adufes”, avalia Maurício Abdalla (CCHN), que concorreu pela Chapa 2, a mais votada, junto com a professora Maria Amélia Dalvi (CE). A mesma avaliação é feita pelos demais conselheiros. Ao todo, sete chapas entraram na disputa.

 Burocracia. Como um dos representantes dos docentes no Consuni, o professor Abdalla diz que o maior desafio no cargo é dar um caráter mais político e menos burocrático às sessões em um momento em que a Universidade enfrenta seu pior período desde o fim da ditadura militar. Por ser órgão deliberativo, segundo Abdalla, o Conselho não pode limitar-se ao rito de aprovação de processos, principalmente em um período de governo obscurantista e adversário da educação em todos os níveis.

“Temos também que ter voz, posicionamento, ideais e coragem para nos manifestar a favor de um projeto de educação superior pública, gratuita e de qualidade e contra todos que desejam destruir a universidade ou submetê-la aos interesses das grandes empresas privadas”, diz.  Ele critica o Governo Federal pelas “ideias contrárias a todos os valores civilizacionais básicos da modernidade, entre os quais se inclui a ciência, as humanidades e o pensamento laico e livre. Frente a isso, um Conselho Universitário deve ser a voz que se ergue na defesa desses valores e age para sua preservação”.

Democracia. Tendo a democracia como princípio básico, o novo conselheiro Eduardo de Sá Mendonça (CCAE), afirma que, junto do suplente Áureo Banhos (CCENS), defende a valorização do Conselho para a tomada de decisões importantes da vida universitária.

“Acreditamos numa universidade pública, gratuita, inclusiva, democrática e de qualidade. Assim, pretendemos representar os docentes procurando não só avaliar os processos, mas também sermos propositivos de ações para que a Ufes atenda sua missão”.

Unidade. O compromisso com a autonomia universitária, liberdade e mobilização coletiva frente aos ataques que a universidade vem enfrentando é ressaltado pelo professor Luiz Alexandre Oxley da Rocha (CEFD), suplente de Damián Sanchez (CEUNES).

Segundo Oxley, é dever dos novos conselheiros defender a universidade pública, gratuita e de qualidade, democrática, autônoma e inclusiva. “Reconhecemos e defendemos os avanços que tornaram a Ufes mais negra, mais feminina, mais democrática e popular”, pontua.

 

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