“Paulo Freire é símbolo de uma educação libertadora, por isso incomoda tanto”, destacou Luíza Erundina na live da Adufes

Primeira de uma série de lives comemorativas do centenário de Freire, o evento foi saudado pelo público que incluiu profissionais da educação de vários estados.

A ex-prefeita de São Paulo Luíza Erundina, que teve Paulo Freire como secretário de Educação foi a primeira convidada da série de lives “Conversas sobre Paulo Freire: Comemoração do Centenário do Patrono da Educação Brasileira” promovido pelo sindicato.

No encontro virtual, Erundina destacou a importância da oportunidade do centenário do educador para propagar, uma vez mais, o legado de Paulo Freire (1921-1997) frente aos ataques bolsonaristas, ao conhecimento e à educação. “O obscurantismo é umas das expressões mais violentas da burguesia brasileira”, salientou, lembrando que, nesse contexto, é mais que necessário falar de Freire.

Demonstrando muita emoção do início ao fim da live, Erundina alertou para o aumento no número de mortos, da violência do Estado, a carestia e o desemprego que estão tirando a esperança da juventude. “A vida e a obra de Paulo Freire são marcadas por seu posicionamento em defesa dos setores mais oprimidos da sociedade, sobretudo dos mais jovens, que precisam conhecer esse legado”.

PEC 32. Luíza Erundina criticou a proposta por se tratar de mais um golpe à Constituição e ao povo. “A PEC faz parte de um desmonte total do Estado que vai impedir que a população socialmente mais vulnerável tenha uma vida mais digna, bem-estar e direitos garantidos”, apontou, afirmando que é preciso fortalecer a luta contra esse projeto, que assim como as contrarreformas trabalhista e da previdência têm por objetivo ampliar a pauperização da população.

Ameaça ao título de patrono da educação. O Projeto de Lei nº 1930/19, em tramitação, revoga a Lei 12.612/12, que declarou o educador pernambucano Patrono da Educação Brasileira. Segundo Erundina, trata-se de uma tentativa de apagar Freire da nossa memória, da nossa história. “Daí a importância de valorizarmos oportunidades como esta da Adufes, em que podemos debater a vida, obra e os ataques a um dos maiores educadores da história mundial”, frisou.

Para a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão, além do que Paulo Freire representa para a história da Educação no Brasil, falar dele é combater as ideias ultraconservadoras. De acordo com Ana, a presença da ex-prefeita Luiza Erundina na primeira live da série é muito simbólica nas comemorações do centenário do Educador.

Volta do exílio. A coragem de colocar em prática um trabalho de educação libertadora fez de Freire um dos primeiros brasileiros a serem exilados pela ditadura militar. Acusado de subversão e preso em 1964, o educador partiu para o exílio e no Chile escreveu livros importantes, como “Educação como prática da liberdade” e “Pedagogia do oprimido”. Freire ainda passou pelos Estados Unidos e Suíça.

Depois de 16 anos de exílio, Paulo Freire voltou ao Brasil, em 1980. Lecionou na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) após a comunidade acadêmica pressionar o reitor para que Freire pudesse dar aulas na instituição; também foi professor da PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Em 1989, Freire assumiu a secretaria de Educação do município de São Paulo. Seu mandato teve como marca a recuperação salarial das/os professoras/es, a revisão curricular e a implantação de programas de alfabetização de jovens e adultos.

Avaliação do evento. Para a professora do Departamento de Linguagens, Cultura e Educação Jacyara Paiva, “foi emocionante ouvir Erundina”. Outra que também se manifestou, Sonia Lopes Victor, docente do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais (Dtepe), salientou que “temos de proteger a memória, o legado e a obra de Paulo Freire, patrono da educação brasileira” e parabenizou a Adufes pela iniciativa.

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