Servidoras/es são alvo de ataque racista em Brasília e denunciam o caso

O crime aconteceu na última na terça (16), enquanto o grupo ocupava a área de desembarque do aeroporto.

“Nos chamaram de lixo e disseram que o Aeroporto de Brasília não era o nosso lugar”, lembrou emocionada Zuleide Queiroz, 2ª vice-presidenta do Andes-SN, após ter sofrido ataque racista e misógino, às vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro. O caso ocorreu enquanto as/os servidoras/es denunciavam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32 e realizavam um ato em defesa da vida da população, em especial de negras e negros.

Um dia após o episódio (17), a docente e outros colegas fizeram boletim de ocorrência. “Para que esse caso não caia no esquecimento. Não vão calar nossas vozes”. O grupo de servidoras/es estava reunido na área do desembarque, aguardando a chegada das/os deputadas/os e senadoras/es. “Eu falava da importância do 20 de novembro, de se discutir a morte de tantos brasileiros, a maioria negros e negras, periféricos que não tiveram direito à vacina. Cobrava ainda resposta ao assassinato de Marielle Franco”, relatou Zuleide.

A professora contou que em determinado momento da atividade – quando uma banda de matriz africana composta por jovens negros e negras iria começar a primeira intervenção artística – um homem branco [ainda não identificado] jogou lixo nos manifestantes que estavam no local e proferiu palavras de ódio. “Vocês merecem o lixo, bando de baderneiros”, xingou o homem. Zuleide foi uma das atingidas pelos dejetos que foram despejados de uma lata de lixo.

Voltando os olhos para cima, foi possível avistar o indivíduo. ‘‘Nos deparamos com um homem branco e muito raivoso”, narrou, salientando ainda que o indivíduo saiu andando sem ao menos ter sido abordado por policiais e seguranças que trabalham no aeroporto. “Na semana da Consciência Negra ocorre mais um ato de violência contra corpos negros, mostrando o quanto o país é racista e também fascista”.

O Sindicato Nacional em texto divulgado no site, “repudia o episódio, se solidariza com os e as manifestantes que sofreram o ataque e informa que já solicitou à polícia e à administração do aeroporto as imagens do circuito interno para que o homem possa ser identificado e punido por desempenhar atos racistas”.

Lei 10.639. A professora Zuleide Queiroz informou que foi agendada para essa quinta (18) uma reunião com a Procuradoria de Direitos Humanos. A principal pauta do encontro, que faz parte das atividades de luta do Dia da Consciência Negra, é a efetivação da Lei 10.639. “Vamos cobrar a aplicação da normativa nas escolas e nas universidades. Nós não vamos abrir mão disso!”, defendeu. A lei foi promulgada em 2003, por meio do Decreto que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas.

Jornada de lutas e mês da Consciência Negra. Esta é a 10ª semana da jornada de lutas contra a PEC 32 em Brasília e, durante todo o mês de novembro, a mobilização se soma às atividades de mobilização do Mês da Consciência Negra.

Ao ataque racista sofrido por servidores e servidoras (16)  seguiu-se  repressão policial durante a Marcha na Esplanada dos Ministérios nessa quarta (17). O movimento em rechaço à PEC 32 permanece forte e promete realizar grande ato neste dia 20, na capital Federal.

*Foto: Andes-SN

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