Abertura da Campanha da Fraternidade 2022 em Vitória terá ato público em defesa da Educação

Atividade será na Praia de Camburi, no domingo, 6, às 15h, com caminhada até a Ufes. Campanha também arrecada material escolar para crianças e adolescentes de baixa renda

A pandemia provocada pelo novo coronavírus gerou impactos na área da Educação e afetou estudantes, especialmente as/os mais vulneráveis. Diante da queda brutal da renda, do desemprego, da miséria, muitas famílias tiveram que priorizar a alimentação em detrimento de produtos indispensáveis para o aprendizado em sala de aula.

Por isso,  entidades da sociedade civil no ES e a igreja católica estão mobilizadas em torno da arrecadação de kits escolares. “A Adufes vai colaborar com doação de kits e convidamos docentes e a comunidade acadêmica da Ufes a fazer o mesmo”, diz a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão. Ela também confirmou a participação do sindicato na abertura da Campanha da Fraternidade (CF) e convoca toda a categoria a estar presente.

A lista dos itens do kit escolar contém artigos como caderno, lápis, caneta, borracha, lápis de cor, giz de cera, resma de papel, régua, apontador, mochila, estojo, caderno de desenho, cola branca, entre outros. Os donativos podem ser novos ou usados, desde que estejam em boas condições de uso. Segundo a coordenação da campanha, haverá ponto de arrecadação dos donativos durante o lançamento da CF, no domingo, 6, às 15 horas, na Praia de Camburi (na altura do quiosque 3, próximo ao recém-inaugurado memorial da Gratidão, em homenagem aos profissionais de saúde). Quem não puder comparecer, pode entregar os donativos nas paróquias dos bairros.

Ato público até a Ufes. De acordo com Padre Kelder, vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, a abertura da Campanha da Fraternidade na Praia de Camburi contará com ato ecumênico e Via Sacra da Educação, com encerramento no campus da Ufes, em Goiabeiras.

Com lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, essa é a terceira vez em que a educação é tema de uma Campanha da Fraternidade. As outras ocasiões foram em 1982 e 1998. A CF é realizada desde 1964.

Padre Kelder José Brandão Figueira Foto: Arquidiocese de Vitória

Qual a avaliação do senhor sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano?

Padre Kelder – O tema da educação tem sido transversal em todas as Campanhas da Fraternidade e ele se torna ainda mais relevante nesse momento, quando enfrentamos além da pandemia, uma crise política e cultural sem precedentes em nossa história, com o sucateamento do ensino público, o negacionismo científico e outras bizarrices políticas e sociais.  A desigualdade social e a elitização do ensino são históricos no Brasil, mas a pandemia aumentou ainda mais esse processo, além de explicitá-lo.

Nunca o Brasil teve um governo tão empenhado em destruir a escola pública, em desvalorizar e perseguir as professoras e os professores.  Como o senhor avalia isso? Qual a saída?

Padre Kelder – Isso é um fato. A forma como o atual governo tem tratado a educação e outras pautas chega ao cúmulo do ridículo, depois dos avanços que tivemos desde a Constituição de 1988, e as consequências serão ainda mais desastrosas em um futuro próximo. A saída está na resistência, através da mobilização popular e dos trabalhadores e trabalhadoras da educação e nas mãos do povo, nas próximas eleições.

No lançamento da CF está prevista a via sacra da educação, qual é o objetivo e por que a caminhada até campus da Ufes?

O objetivo é refletir sobre a educação, inspirado no pacto educativo global, proposto pelo papa Francisco e olhar para a realidade da educação no Brasil, no nosso Estado e nos municípios, trazendo a lume os desafios a enfrentar, principalmente com os retrocessos que presenciamos diariamente. Organizamos a via sacra da educação com cinco momentos: os impactos da crise sanitária e as perdas da educação; a evasão escolar; a necessidade de uma educação inclusiva; a monetarização da educação e o esperançar.  E a Ufes foi escolhida por ser um lugar simbólico da educação pública, do ensino crítico, qualificado e autônomo e por ser um espaço de resistência democrático e universal.

Adufes