Sarau Cultural da Diversidade LGBTQI+  combate a transfobia e denuncia ataques na Adufes

Poesia e depoimentos focados na luta LGBTQI+ deram o tom do sarau. A apresentação, realizada por Jeff Santana, docente da Ufes e Feibriss Cassilhas da UFBA foi emocionante

 Na manhã desta quinta-feira, 21/7, ativistas do coletivo Vozes Negras apresentaram uma performance poética voltada para a valorização e conscientização sobre a comunidade  LGBTQIA+. A ação aconteceu no gramado da sede do sindicato (campus Goiabeiras/Ufes) que ganhou bandeiras com as cores de resistências das lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, , pessoas transgênero, queer,  intersex e pansexuais.

A apresentação, com tradução em Libras pela interprétes Claudia Vieira, foi pensada a partir dos recentes ataques LGBTQIA+fóbicos ocorridos na sede da Adufes. Em 28 de junho, data histórica para a luta da comunidade LGBTQIA+ contra a discriminação e por direitos,  agressores rasgaram bandeiras do arco-íris que decoravam a fachada do prédio e fixaram cartazes com frases homofóbicas. O sindicato já deu encaminhamento às providências administrativas e jurídicas a serem em breve publicizadas.

Um outro ataque  ocorreu dias depois e também dentro da Ufes. Em 7 de julho, as paredes do Centro Livre de Ciências Sociais (CALCSO), no campus de Goiabeiras, amanheceram pichadas com frases transfóbicas. Enquanto isso,  em Aracruz, litoral norte do ES, um outdoor homofóbico foi instalado pela Primeira Igreja Batista do município

Resistência como prática diária. “Estamos vivendo tempos de muita intolerância e a arte é a grande produção desse movimento de resistência”, ensinou Jeff na abertura do Sarau. Da mesma forma, a professora do Instituto de Letras da UFBA, Feibriss Cassilhas, lembrou que a cada dia o público LGBTQI+ quebra barreiras do poder conservador e homofóbico. “A briga contra a intolerância é todo dia e as Universidade precisam estar engajadas com a nossa luta, inclusive implementando políticas de reserva de vagas de acordo com a identidade de gênero”.

A performance do dueto foi elogiada pela diretora da Adufes e professora aposentada do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN)s, Ana Heckert. “A mensagem é que a comunidade LGBTQI+ está unida e forte. Infelizmente, apesar de algumas conquistas, o Brasil ainda tem muito o que avançar no combate ao preconceito e ações afirmativas para essa parcela da população”, disse.

O Sarau Vozes Negras é formado por ativistas negras/os de cursos de graduação e pós-graduação na área de Letras que se conheceram na UFSC e que realizam atividades de leituras e performances poéticas de autoras/es negras/os.

Fragmentos da performance

Jeff Santana

"Resistência, insistência, continuam a nos rasgar!
São formas que nos rasgam, mas nos rasgam símbolos.
Nossa resistência continua, dizendo quem somos, quem nos tornamos!"

 

Feibriss Cassilhas

"Seguimos pesquisando, escrevendo livros, criando leis para garantir nossos direitos...
Bandeiras temos muitas, muitas nem precisamos
Nosso público está em todo lugar, então pode ficar com as bandeiras rasgadas"  (e joga bandeira no gramado)

 

Adufes