Professoras/es da Ufes paralisam aulas por reajuste salarial justo para 2024 e por revogação de medidas de Bolsonaro

Proposta do governo de reajuste salarial de menos de 1% foi considerada desrespeito e centrais sindicais mencionam greve em manifesto como resposta – fotos dos atos no final da matéria

Nesta quarta-feira, docentes da Ufes interromperam suas atividades letivas e se mobilizaram nos campi da instituição organizadas/os pela Adufes. A ação teve como objetivo pressionar o governo por um reajuste salarial justo para 2024 e manifestar repúdio à proposta apresentada que oferece um aumento inferior a 1%. O dia de luta foi chamado pelo Andes-SN, sindicato nacional ao qual a Adufes é filiada, além de diversos fóruns de entidades do serviço público federal e centrais sindicais.

A presidenta da Adufes, Junia Zaidan, destaca a receptividade que as ações encontraram por parte da categoria docente em relação à construção de uma mobilização mais intensa, que suba o tom nas conversas com o Governo Federal.

“Ficou evidente que há uma disposição das/os colegas para construir uma mobilização mais intensa. A compreensão geral é de que é necessário subir o tom. Há uma indignação com a condução do Governo nas rodadas da chamada Mesa Permanente de Negociação, que, desde julho, quando apresentamos a pauta de reivindicações, não avançou. Houve apenas o anúncio de uma reserva de R$1,5bi, que não chega a ser um índice concreto e significaria um reajuste abaixo de 1% para 2024”, disse.

Manifestação

As/Os docentes concentrados nos campi de Goiabeiras, em Vitória, Alegre e Ceunes (São Mateus), realizaram uma série de atividades desde o início da manhã. Foram feitas panfletagens nos portões e corredores com material explicando as razões da paralisação, chamamento com megafone nos edifícios para atividades como rodas de conversa, bate-papo com café, apresentações culturais, assim como produção de faixas e cartazes e intervenções nos locais de trabalho com os materiais produzidos.

No final da manhã, manifestantes chegaram à Reitoria, no campus de Goiabeiras, com megafone, cartazes e uma faixa gigante (que diz: “Menos de 1% é Escárnio”) para instalação no edifício, registrando as pautas, a indignação e a disposição da comunidade universitária para lutar por recursos que garantam reajuste salarial, mas não apenas. Verbas para políticas de permanência, funcionamento das atividades da Universidade, incluindo o RU, revogação de medidas de governos anteriores que atacam o serviço público e restringem o acesso às universidades públicas, entre outras pautas, também foram citadas.

Desrespeito

Após uma série de adiamentos e cancelamentos das rodadas da Mesa Nacional de Negociação e o não cumprimento da promessa de proposição  de um índice de reajuste no início de agosto, o governo federal convocou os representantes sindicais para uma quarta rodada de negociações. Na terça-feira, 29 de agosto, foi revelada uma proposta de reajuste salarial de menos de 1% para o ano de 2024. As categorias do funcionalismo federal consideraram a “oferta” um desrespeito e uma traição, uma vez que as perdas salariais acumuladas ao longo dos últimos quatro anos ultrapassaram a marca de 27%, ao passo que nos últimos dez anos chegam a 114%. A comunidade docente exige que haja efetivo diálogo e um posicionamento mais respeitoso por parte do governo.

Quando as medidas de Bolsonaro serão revogadas?

Os manifestantes também pedem a revogação das medidas adotadas pelos governos de Bolsonaro e Temer, que impactam a qualidade do serviço público e atacam as/os servidoras/es. Entre essas medidas, estão o Novo Ensino Médio, que pode voltar a limitar o acesso de estudantes de famílias trabalhadoras à universidade, restrições ao direito de greve e a chamada Reforma Administrativa, que resultará no fim dos concursos públicos e da estabilidade, deixando servidoras/es nas mãos de políticos inescrupulosos, e promoverá, na prática, a legalização das rachadinhas. É preciso lembrar que o movimento “fez o L”, referência ao apoio a Lula nas eleições, também para ver revogadas essas medidas.

Além disso, o movimento reivindica a equiparação de auxílios para servidoras/es do Executivo com os benefícios concedidos ao Legislativo e Judiciário, bem como a criação de mesas de negociação específicas para as diversas carreiras.

Atividades e auxílios da Universidade correm risco

Além disso, o movimento denuncia o Arcabouço Fiscal, política econômica de arrocho fiscal, e quaisquer outras medidas de austeridade que possam diminuir os recursos destinados às universidades e aos serviços públicos. Elas resultam na redução das já insuficientes políticas de permanência estudantil, prejudicam a oferta de bolsas e auxílios, precarizam ainda mais o funcionamento do Restaurante Universitário (RU) e do Hospital Universitário e impactam as condições dos campi. A ausência de uma recomposição salarial já é resultado dessa política de contenção de recursos.

A decisão pela paralisação e mobilização na Ufes foi tomada de maneira unânime durante uma Assembleia Geral Extraordinária da Adufes, realizada na última sexta-feira, 25 de agosto.

Em resposta à afronta do governo, que não negociou nem sequer apresentou índice concreto, a Bancada Sindical e centrais sindicais como CSB, CTB, CUT, Força Sindical, UGT, NCST, Fonacate, CSP Conlutas, Pública Central do Servidor, Intersindical e Fonasefe, divulgou Nota à Imprensa demonstrando sua indignação frente à proposta apresentada pelo governo durante a 4ª Rodada da Mesa Nacional de Negociação. A Nota cita a possibilidade de uma greve geral. Clique aqui e confira o documento das centrais.

Confira as fotos dos atos:

Adufes