A etapa estadual terá outras duas edições: em novembro e março de 2019. O Encontro Nacional de Educação (ENE) será em abril, na capital federal. Veja aqui as fotos do evento
Diversos segmentos ligados à educação (básica, técnica, tecnológica e superior) e da sociedade civil participaram da atividade na sexta e sábado (14 e 15) no campus de Goiabeiras, em Vitória. A mesa de abertura ocorreu na sede da Adufes, na sexta à noite, e contou com mesa temática que debateu três eixos previstos: Gestão; Avaliação e Formação. No sábado, 15, houve debate sobre os eixos em grupo.
A 1ª etapa Estadual fez um diagnóstico da situação da educação no Brasil e no Espírito Santo e apontou a necessidade de pensar uma nova agenda da sociedade brasileira para a educação em contraposição ao atual projeto que está colocado pelos governos – os responsáveis pelo atual sucateamento da educação pública.
O presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, abriu o evento destacando o crescimento quantitativo e qualitativo dos encontros preparatórios ao III ENE. “Temos acúmulo tanto no debate quanto na participação e, com certeza, a próximas etapas e o encontro nacional serão bem enriquecedores. Pretendemos organizar caravanas, a exemplo das edições estaduais do ENE I e II, para que tenhamos uma boa representação em Brasília”, frisou Rocha.
Avaliação. As mesas contaram com docentes especialistas nas respectivas temáticas do debate. O professor Antônio Henrique Pinto (Ifes) discorreu sobre as políticas de avaliação educacional, “Hoje se enxerga a escola a partir de números, dados, índices, por conta de políticas educacionais”, disse, enumerando indicadores como Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, avaliações do Inep, Saeb, Enem, Prova Brasil, e outros.
Nem por isso, lembrou o docente, tais medições têm contribuído de forma coerente para a qualidade do ensino. “É preciso perguntar: o que está por trás dessas políticas de avaliações? Hoje, temos 15 milhões de analfabetos no país”, disse, destacando que os indicadores para guiar as políticas educacionais devem ser feitas dentro de uma concepção prevista pelo Plano Nacional de Educação.
Formação. O debate de abertura englobou principalmente as lutas contra os retrocessos promovidos pelo Governo Temer na área de educação, como a Reforma do Ensino Médio e a Emenda Constitucional 95/2016, que congela por vinte anos os investimentos em áreas essenciais como a saúde e educação, e projetos como o Escola Sem Partido.
Mário Guimarães Júnior, Coordenador Geral do Sintet-UFU, lembrou que as universidades hoje estão com processo de formação e produção cientifica hegemonicamente destinada a atender os anseios do mercado, da inciativa privada. “Estamos formando jovens profissionais para atuar em uma sociedade sem direitos, com terceirização ampla e irrestrita e sem legislação trabalhista”, pontuou.
Gestão. O professor da Ufes, Uéber José de Oliveira, abordou o cenário da política educacional capixaba dentro do Projeto Escola Viva, vitrine da gestão Paulo Hartung (MDB). “Que baseia em programas de qualidade total, empreendedorismo, de avaliações de rendimentos, em detrimento à educação como direito”, criticou.
Implantado a toque de caixa nas escolas da rede estadual em 2015, o Escola Viva funciona em sistema de horário integral, porém a grosso modo, com fechamento de escolas, sobretudo do campo. “De 2007 e 2015, o governo PH fechou 120 escolas no Estado. Do ponto de vista de gestão esse programa é a materialização dos processos de privatização da escola”, disse.
Eixos. Na tarde de sábado, 15, segundo dia do evento, os/as participantes da Primeira Etapa Estadual do III ENE uniram-se em um grupo para discutir os eixos Avaliação e Formação. O presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, fez um breve histórico desde a organização do I ENE, a luta dos 10% PIB até os dias atuais. “A educação tem sido alvo de políticas regressivas e que contribuem para a exacerbação do conservadorismo”, disse.
Se nos anos anteriores era importante mobilizar as bases ante ao quadro de desmonte da educação pública, hoje, mais do que nunca, salientou ele, se faz urgente e as etapas preparatórias são uma dessas oportunidades. Durante o debate, foram apontados o processo crescente de mercantilização do ensino, os impactos do “Escola Sem Partido” e a “Reforma do Ensino Médio”, que contribuem para reduzir ao máximo o conhecimento e referendar a lógica capitalista.
Foi ressaltada ainda a importância de práticas pedagógicas que construam saberes de forma coletiva, com a participação de professores/as, técnicos/as e estudantes. Foram levantados pontos que serão encaminhados à etapa nacional do ENE. O eixo Gestão, que seria debatido nesta primeira etapa, ficou para o próximo encontro, que já está agendado para novembro.
Fonte: Adufes