Bandeiras das gestões do PT no Planalto, as universidades federais criadas nos últimos dez anos são pouco lembradas no mercado e enfrentam dificuldades para atrair docentes qualificados e investir em infraestrutura.
Das 14, cinco são efetivamente novas. As demais surgiram da divisão de instituições ou tiveram status alterado. O ranking reflete a diferença: cinco instituições, que antes eram faculdades, estão entre as 50 melhores em ensino.
As demais ainda patinam em alguns indicadores: nove não foram citadas como referência em suas áreas nas entrevistas com avaliadores do Ministério da Educação.
Uma delas é a Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), em 168º lugar no ranking e com problemas de estrutura em alguns cursos.
“Faltam laboratórios e há institutos que não têm prédio”, conta Luiz Fernando de França, do sindicato dos docentes. Parte das aulas ocorre em um hotel alugado pela universidade há três anos.
Em julho, o local chegou a ser interditado por cinco dias devido a rachaduras. A Ufopa diz que a sede é provisória e que está construindo um novo local para os alunos em um dos campi já existentes.
Obras em andamento são outro ponto comum entre as novas federais. Em Foz do Iguaçu (PR), a sede definitiva da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) só deve sair em 2014. Até lá, as aulas serão em um complexo da usina de Itaipu.
A pouca idade pesou no ranking para essas duas instituições. Sem experiência em pesquisa e sem notas no Enade por não ter turmas formadas, ambas pontuaram mal.
Destaque entre as recém-criadas, a Universidade Federal do ABC aparece como líder em internacionalização e em 21º lugar em pesquisa.
O pró-reitor de pesquisa da instituição, Klaus Capelle, atribui o bom resultado ao modelo em que apenas professores doutores são contratados para dar aulas e há estímulo à pesquisa.
Os estudantes também cursam uma formação geral antes de optarem pela específica e saem com mais de uma graduação.
Um dos fatores que favorecem a UFABC é a proximidade de grandes centros, onde há grande oferta de doutores.
Para a professora da faculdade de Educação da Unicamp Helena Sampaio, atrair professores qualificados ao interior é o desafio das novas federais. “O indicador que faz a diferença é o professor. Conta mais que a infraestrutura.”
Na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina (MG), 85% dos 508 docentes são doutores, segundo o pró-reitor de graduação, Valter Carvalho. A instituição aparece no 40º lugar em ensino.
“No início, havia grande migração de professores. Isso mudou na maioria das áreas. Com projeto de extensão e pesquisa o docente acaba criando raízes.”
Fonte : Folha São Paulo