Mística, considerações das entidades dos movimentos do campo e palestra com um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e professor da Escola Nacional Florestan Fernandes, João Pedro Stédile, abriram, na noite da última quarta-feira (06), no campus de Goiabeiras/Ufes, o debate “Universidade e Luta de Classes: desafios da Reforma Agrária Popular”.
Em sua participação, João Pedro Stédile, que é economista e tem livros publicados sobre a questão agrária e a luta de classes, tratou ainda da conjuntura atual. Para ele, cada vez que a classe trabalhadora está em refluxo, reflete na universidade. “Assim como o parlamento a universidade é um espaço de luta política insuficiente, que apenas reflete o que está acontecendo na rua. E se nesses locais existem um refluxo do movimento de massas e da classe trabalhadora, na universidade não será diferente. Ela sozinha não é capaz de pautar a luta de classe”, disse Stédile.
De acordo com o palestrante, estamos entrando em um período de resistência, resultado das grandes mobilizações ocorridas em junho. “A juventude passou a limpo a política institucional e rompeu com a pasmaceira da política de conciliação de classes, em que se dizia que todos ganhavam. Depois, tivemos a paralisação nacional do dia 11 de julho – organizada pelas centrais sindicais e pelos setores organizados da classe trabalhadora –, que apesar da manipulação da imprensa burguesa foi realmente um sucesso”, explicou João Pedro.
Do latifúndio ao agronegócio. Durante a palestra, o professor da Escola Nacional Florestan Fernandes, destacou que as mudanças dos inimigos da Reforma Agrária fazem parte da evolução do capitalismo. “No início do Movimento, o inimigo principal era o latifúndio. Quando o modelo do capitalismo industrial entrou em crise (década de 80), na seguinte década, a classe dominante brasileira evoluiu para um capitalismo internacionalizado, dominado pelo capital financeiro”, salientou João Pedro Stédile.
Segundo ele, com essa mutação, a luta pela Reforma Agrária passou a incorporar novos inimigos. “Ela não só continua enfrentando o latifúndio, mas agora também as empresas transnacionais, o capital financeiro por trás delas, e o modelo do agronegócio”, lembrou o representante do MST.
O Seminário “Universidade e luta de classes: os desafios da Reforma Agrária Popular” é uma realização da Escola Nacional Florestan Fernandes com apoio da Adufes, do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Espírito Santo (Sindpúblicos), Sindicato dos Bancários, Pró-Reitoria de Extensão (Proext-Ufes), Levante Popular da Juventude e MST.
Veja aqui as fotos da palestra.
Fonte: Adufes