Representações do funcionalismo que integram a Cnesf se reúnem em Brasília e indicam a preparação da greve caso o governo não ceda
Os serviços públicos federais podem parar já a partir do primeiro trimestre de 2014, caso o governo federal repita no ano que vem o que fez em 2013, quando se recusou a negociar e a atender a qualquer item da pauta geral de reivindicações. É o que indicaram as representações do funcionalismo que participaram da última plenária do ano realizada pela Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Federais), no domingo (15), em Brasília. Eles ratificaram o calendário da campanha salarial, traçado pelo Fórum Nacional das Entidades dos Servidores, que reúne o conjunto das federações nacionais da categoria.
O desafio é reeditar a unidade que em 2012 levou o setor a promover uma das maiores greves de sua história e a romper, mesmo que parcialmente, com o congelamento salarial. A decisão dos servidores do Judiciário Federal e do MPU de se incorporarem à campanha conjunta e ao calendário de mobilizações foi repassada aos demais participantes da plenária pela dirigente da federação nacional (Fenajufe) Eugênia Lacerda.
Marcha a Brasília em fevereiro
A campanha unificada do funcionalismo será lançada com atos simultâneos nos estados, no dia 22 de janeiro, e com uma manifestação em Brasília, no dia 5 de fevereiro, quando deverá acontecer a primeira marcha nacional da categoria à capital federal. A plenária promovida pela coordenação do funcionalismo buscou acertar os ponteiros para pôr nas ruas a campanha salarial já no início de 2014, ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais.
Realizada às vésperas do recesso, a plenária foi marcada pela participação de docentes (Andes-SN) e de representações da federação da seguridade social (Fenasps), dos técnico-administrativos das universidades federais (Fasubra) e das escolas técnicas (Sinasefe), além do Judiciário e MPU (Fenajufe) e da Central Sindical e Popular CSP-Conlutas.
As previsões de que o ano será ‘curto’, em decorrência do futebol e das eleições, fazem com que os servidores tenham pressa: querem pressionar o governo a iniciar logo as negociações e fugir do risco de serem atropelados pelo calendário festivo e eleitoral. “Queremos fazer esta discussão nos estados e preparar os atos de janeiro. Já discutimos na plenária a necessidade de preparação da greve”, disse Saulo Arcangeli, que integra a direção da Fenajufe e representou a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) na atividade em Brasília.
Data-base, perdas salariais e carreira
O indicativo de greve está apontado para março/abril. A confederação que reúne parte dos servidores da administração direta e das autarquias do Executivo (Condsef) aprovou em seu congresso, realizado no final de semana em Fortaleza, a sinalização do início da greve para a primeira quinzena de março. A insatisfação é grande também entre os servidores dos hospitais federais, que podem parar caso o Ministério da Saúde imponha a instalação de pontos eletrônicos que ‘cobram’ uma jornada de 40 horas, maior portanto do que as 30 horas semanais atuais da categoria.
Dentre as reivindicações do funcionalismo, estão o respeito à data-base, a reposição das perdas, a definição de uma política salarial permanente e planos de carreira que valorizem o trabalhador estatutário e os serviços públicos. Para os servidores, 2014 tende a ser um ano decisivo. “Será também um ano de muitos enfrentamentos, já que o governo está tentando aprovar medidas preventivas, como o projeto [que ataca] o direito de greve”, observa Saulo, que alerta: Precisamos construir a campanha salarial e a greve em 2014, pois não podemos aceitar calado mais alguns anos de salários congelados e desvalorização dos serviços públicos.
Por Hélcio Duarte Filho, do LutaFenajufe