Os gritos uníssonos de “10% do PIB para a Educação Pública, Já!” marcaram o término do Encontro Nacional de Educação (ENE), realizado no Rio de Janeiro, neste final de semana (8 a 10). Durante três dias, mais de dois mil participantes, vindo de todas as regiões do Brasil, se reuniram no Rio de Janeiro para discutir ações de luta em resposta ao processo de aprofundamento da precarização e mercantilização da educação pública no Brasil.
A plenária de encerramento do ENE teve início com a leitura dos resultados dos grupos de discussão, realizados durante a tarde de sábado, e apresentados pelos relatores. Todas as propostas apresentadas serão incluídas nos anais do Encontro e servirão de base para as discussões dos próximos encontros e debates. Segundo informe da mesa, coordenada por Paulo Rizzo, diretor do ANDES-SN, após o ENE será elaborada uma cartilha com a plataforma de lutas em defesa da educação apontada pelo encontro.
Moções de apoio à luta dos trabalhadores da educação no México, ao povo palestino, à greve das universidades estaduais de São Paulo, que neste domingo completa 75 dias, à greve dos trabalhadores da educação do Piauí, contra a criminalização dos movimentos sociais, entre outras, foram apresentadas durante a plenária.
Ao final, foi feita a leitura da carta do Rio de Janeiro, manifesto do Encontro Nacional de Educação, que traz a sistematização dos sete eixos que nortearam os debates tanto do evento nacional quanto dos encontros preparatórios, realizados no primeiro semestre deste ano. No documento, aclamado pela plenária, os participantes indicaram a constituição de comitês estaduais em defesa da escola pública, a realização, nos estados, na segunda quinzena de outubro, de um dia de luta em defesa da educação pública e a realização, em 2016, do II Encontro Nacional de Educação, precedido de encontros estaduais.
Para Samantha Lopes, coordenadora-geral do Sinasefe, que fez a leitura do manifesto, o documento inaugura um novo marco de aglutinação dos trabalhadores da educação e dos estudantes na perspectiva de pautar a construção de um projeto de educação construído pelos trabalhadores e para os trabalhadores. “Agora é dar continuidade nesse espaço de unidade e começar a materializar um projeto de educação do povo brasileiro, construído nesses moldes”, apontou.
Na avaliação de Paulo Rizzo, o ENE foi, em todos os sentidos, uma vitória, porque é resultado de um processo de discussão que envolveu milhares de pessoas pelo Brasil afora, sobretudo no último mês, debatendo as demandas da educação pública, buscando se contrapor às lógicas privatizantes da educação no país.
“Ao reunir mais de duas mil pessoas, dois mil lutadores em defesa da educação pública, o encontro teve uma unidade muito grande nas discussões e expressou maturidade na aglutinação de forças. Foi um espaço de unidade na ação, no qual as divergências existem, mas são trabalhadas, e se priorizou o que é unitário para construir o enfrentamento às políticas governamentais e à visão privada da educação. Creio que, a partir de agora, vamos ter a possibilidade de repercutir muito mais as lutas em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada”, destacou o coordenador da mesa da plenária final.