Festival cultural marca Dia de Luta das Mulheres em Vitória

O 8 de março foi marcado por debates, apresentações musicais, dança, oficinas, contação de história, pintura facial, e exposição de produtos artesanais na capital capixaba.

“Lugar de mulher é onde ela quiser”. O grito de denúncia e de afirmação ecoou no último domingo (08), durante as atividades do Dia Internacional de Luta da Mulher, em Vitória. Organizada pelo Fórum de Mulheres do ES que agrega várias entidades, entre elas a Adufes, a atividade ocorreu em uma área estratégica bem debaixo da Ponte da Passagem, local onde já foram registrados estupros e assédios sexuais.

Faixas e cartazes foram espalhados por vários trechos e panfletos entregues a quem participava do evento. De maneira democrática, o microfone foi aberto e mães, esposas, jovens ou não, que se manifestaram a respeito da força e da luta das mulheres para manterem a dignidade e o respeito em uma sociedade machista. As manifestações ocorreram em forma de declamação de poemas, canto, dança e outras mensagens enfatizando temas como a violência, aborto, assédio sexual, repressão, direitos, dentre inúmeros outros.

O tema escolhido para o Festival, “Lugar de mulher é onde ela quiser”, objetivou mostrar à sociedade que elas podem estar onde quiserem. “Neste festival queremos ocupar o espaço público, que muitos acham que não é lugar de mulher. Queremos mostrar com arte que o nosso lugar é na rua, é na luta, na música, na política, na praça, é em qualquer lugar”, ressaltou Suellen Suzano, integrante do Fórum de Mulheres do ES.

A programação do festival foi bem diversificada. Logo no início da tarde, ocorreram oficinas de Abayomi, Stencil, Dança do Ventre “A força do Sagrado Feminino”, Pintura facial, corporal e política, Piquenique e bate papo sobre empoderamento infantil, Batucada Feminista e contação de histórias. Já à noite, a animação ficou por conta de apresentação de dança com o Coletivo Corpus Kardia e shows musicais com Aline Maria, Vanessa Ferr e Preta Roots.

Violência Mulheres.  O presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Gilmar Ferreira, esteve no festival e elogiou a iniciativa do Fórum de Mulheres em parceria com vários movimentos organizados. Segundo Gilmar, além de resgatar a luta feminista, o evento chamou atenção para a violência contra a mulher no Espírito Santo.

“Já tivemos 28 mulheres assassinadas no Espírito Santo de 1º de janeiro a 03 de março deste ano. É preciso que as várias instâncias do poder público assumam a responsabilidade sobre a implementação das políticas para as mulheres visando urgentemente mudar essa realidade”, frisou Gilmar.  Outro fato que chama atenção é que grande parte dos crimes praticados este ano tiveram motivação passional. Na maioria dos casos, os crimes foram praticados por companheiros ou ex-parceiros das vítimas e em casa.

Avanços.  A presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (Cedimes), Edna Martins lembrou das conquistas das mulheres nos últimos 200 anos, mas reconheceu que há muito que avançar garantir a igualdade de direitos. “Um dos avanços foi o direito ao trabalho fora do lar, embora haja ainda grande diferença entre os gêneros”, enumerou, citando o fato de as mulheres ainda terem salários, em média, inferiores aos dos homens.

“Daí a nossa luta pela igualdade salarial e de condições de trabalho. Mesmos tendo ampliado a participação na sociedade e no mercado, as mulheres ainda têm dificuldades de inserção em setores que possui uma remuneração maior”, disse.

Outro marco na história da mulher brasileira, lembrou Edna, foi o voto feminino (1932) e também a participação na política.  “Muitas mulheres, mesmo de forma silenciosa, já estão enxergando que podem ser sujeitas de suas próprias histórias, que podem ter autonomia, conquistar a independência. É claro que nem sempre é fácil romper barreiras, quebrar preconceitos, mas podemos qualquer coisa. Somos livres para isso”, concluiu Edna.

 

 

Fonte: Adufes