Vinte estados brasileiros e o Distrito federal já foram palco, nesta semana, de mobilizações das mulheres. Os atos fazem parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres do Campo e denunciam os impactos do modelo atual de desenvolvimento socioeconômico na vida das mulheres camponesas e na defesa da soberania alimentar, com base na Reforma Agrária. De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mais de 25 mil pessoas participam de marchas, ocupações e protestos nas rodovias durante esta semana.
No Nordeste, diversas agências bancárias foram ocupadas pelos trabalhadores na terça-feira (10), como em Maceió e municípios do Sertão, em Alagoas. Mil trabalhadores rurais do Alto Sertão ocuparam o canteiro de obras do Canal do Sertão e exigiram que a água do canal chegue a toda a população das cidades. Mulheres camponesas ocuparam a sede da superintendência do Ministério da Agricultura e denunciaram o modelo devastador de produção da cana-de-açúcar e a atual intensificação da plantação de eucalipto no estado. Em Sergipe também houve a ocupação de agências, assim como em Pernambuco e no Ceará. A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi ocupada por trabalhadoras no Maranhão e no Rio Grande do Norte. As camponesas reivindicaram infraestrutura, assistência técnica e capacitação técnica para as famílias assentadas. Na Bahia, 6 mil pessoas iniciaram uma marcha na segunda, que saiu de Feira de Santana, rumo a capital Salvador, e outras 150 pessoas marcharam até a sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na cidade da Vitória da Conquista. No estado do Piauí, o balão da BR-316, na cidade de Picos, se converteu numa grande escola, chamada “escola do asfalto”, com o objetivo de denunciar o sucateamento e fechamento mais de 37 mil escolas na zona rural.
No Distrito Federal, ocorreram protesto em frente ao Ministério da Agricultura, em denúncia ao agronegócio, no Ministério da Previdência Social, pelo arquivamento das Medidas Provisórias 664 e 665, e nesta quarta (11) a ocupação do Ministério das Cidades, exigindo moradia digna. Na segunda (9), em Luziânia (GO), cidade do Entorno do Distrito Federal, 800 mulheres ocuparam a multinacional Bunge, empresa de agronegócio. Ainda no Estado de Goiás, na terça (10), milhares de camponesas ocuparam a unidade da transnacional Cargill, em Goiânia, que segundo as trabalhadoras rurais, estimula o desmatamento do Cerrado, com a expansão da monocultura de soja e cana-de-açúcar. No Mato Grosso, depois de marcharem pelo município de Cáceres na manhã de segunda (9), cerca de 300 mulheres do MST ocuparam um latifúndio a 220 km de Cuiabá. Em Mato Grosso do Sul, houve ato em Campo Grande em frente à Casa da Mulher Brasileira. O protesto chamou a atenção para a violência contra a mulher.
O estado do Paraná foi palco de diversas lutas, protagonizadas pelas mulheres do campo, entre elas, a ocupação da BR-277 e da prefeitura de Cascavel, no oeste do estado, para a entrega de pautas como educação, saúde e infraestrutura. No Rio Grande do Sul, na terça, mais de 800 mulheres ocuparam a sede da multinacional israelense Adama, uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país; e a sede do Incra, em Porto Alegre. No Tocantins, manifestantes trancaram a Rodovia Belém Brasília (BR-153), na cidade de Guaraí. No Pará, na cidade de Marabá, ocorreu um encontro de formação sobre a realidade das mulheres camponesas paraenses. No domingo (8), em Belém, as camponesas realizaram junto com outras organizações feministas, uma caminhada pelas ruas contra a violência, por direitos e pelo plebiscito popular.
No Espírito Santo, centenas de mulheres realizaram uma marcha na cidade de Colatina e bloquearam a rodovia ES-259, em direção à capital. Houve também a ocupação de um latifúndio, próximo a Linhares. No Estado de São Paulo, cerca de mil mulheres do MST dos estados de SP, MG e RJ ocuparam a sede da empresa Suzano/Futura Gene, em Itapetininga (SP), dia 5, com o intuito de barrar a votação que liberaria o cultivo de eucalipto transgênico no Brasil. No Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (11), centenas de famílias camponesas participaram da ação que interditou algumas das principais rodovias no Rio de Janeiro. Agricultores irão para a prefeitura de Macaé apresentar a pauta de reivindicação.
*Edição do ANDES-SN