Docentes das Ueba conquistam revogação de lei que feria autonomia universitária

Após 18 anos de luta, os docentes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba), com apoio dos estudantes, conquistaram, no dia 21 de dezembro de 2015, a revogação da lei 7176/97, que feria a autonomia universitária. A revogação da lei e a promulgação de uma nova, a 13.466/15 – construída em conjunto com a categoria, por meio de um grupo de trabalho – estavam previstas no acordo firmado em agosto de 2015, que levou à suspensão da greve docente de 86 dias.

Apesar das tentativas do governo de retardar o envio do projeto à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e sua tramitação, o Fórum das ADs, que agrega as seções sindicais do ANDES-SN nas Ueba, esteve atento para garantir o cumprimento do acordo. A revogação da lei esteve presente por anos nas pautas de reivindicações dos professores universitários. O resquício autoritário limitava a organização das Universidades Estaduais da Bahia.

A nova legislação é ampla e irá garantir autonomia interna às instituições. A partir da sua publicação, as próprias universidades poderão decidir sua forma de funcionamento e organização, baseadas nas suas realidades locais. O processo para a modificação do estatuto da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), por exemplo, já foi iniciado pela Comissão Estatuinte.

Márcia Lemos, presidente da Associação dos Docentes das Uesb (Adusb – Seção Sindical do ANDES-SN), ressalta que essa é uma vitória dos membros da comunidade universitária que lutaram arduamente durante quase duas décadas. A docente lembra, ainda, que o acordo da greve de 2015 foi conquistado durante a ocupação da Secretaria de Educação do Estado.

“Estudantes e professores resistiram à Rondesp [batalhão especial da Polícia Militar baiana], enviada pelo governador para reprimir com a força policial a manifestação pacífica do movimento grevista. Nada devemos a deputados ou qualquer representante do governo. A revogação da 7176/97 é fruto dos duros enfrentamentos feitos ao longo dos últimos dezoito anos”, afirma a presidente da Adusb-SSind.

Deputados também aprovam projetos que retiram direitos dos servidores baianos

No dia 23 de dezembro, deputados estaduais votaram projetos de lei (PL) que atacam o funcionalismo público e reforçam o desmonte do Ensino Superior na Bahia. Os protestos dos servidores públicos foram ignorados, e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 148/2015,o PL 21.660/2015 (antigo PL 21.631/2015), bem como a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016, foram aprovados. Direitos conquistados com duras lutas foram retirados de forma autoritária e violenta.

Ficam extintas a licença sabática, licença prêmio e estabilidade econômica. Para os servidores que já ingressaram no serviço público, até a data de aprovação das novas leis, foram criadas regras de transição que modificam e alteram os direitos adquiridos. No caso da sabática, consta apenas o seu fim. Além disso, também foram extintas as procuradorias jurídicas do Estado, num claro ataque à autonomia das autarquias, incluídas as Universidades Estaduais (Ueba).

O orçamento para 2016 não prevê o reajuste linear dos servidores públicos e nem destina os recursos necessários para o funcionamento das Ueba. As perdas reais acumuladas de 2013 a 2016 das verbas de manutenção, investimento e custeio das Universidades ultrapassam os R$ 73 milhões.

Edição de ANDES-SN com imagem de Adusb-SSind

Fonte: Adusb-SSind