Trabalhadores fazem reunião com o governo do ES em defesa da educação do campo

Na ocasião, os movimentos do campo irão apresentar uma contraproposta ao Secretário de Educação, Aroldo Rocha, e exigirão a aprovação das diretrizes das escolas do campo.  A atividade foi marcada para hoje, 21/03.

Em forma de protesto, os trabalhadores/as do campo passaram mais de 20 dias alojados no acampamento Paulo Freire, no estacionamento da Secretaria Estadual da Educação (Sedu), em Vitória. Ainda assim, o Secretario de Educação ignorou boa parte da pauta dos/as trabalhadores/as. Eles deixaram o espaço em troca da publicação do edital que visa à contratação de professores/as para atuarem nas escolas do campo. 

Na avaliação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Via Campesina, Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), RACEFAES, Quilombola, FETAES e educadores/as dos Cursos de Licenciatura em Educação do Campo (Ufes),  o acordo não garante que as escolas do campo funcionem sob os fundamentos da Pedagogia da Alternância. 

“A luta continua, pois o Secretário de Educação não quis aprovar as diretrizes que regulamentam e garantem a pedagogia da alternância”, criticou o professor e estudante da educação do campo Edmar dos Santos. Segundo ele, os governos do Estado, nunca publicaram documento oficial que reconhecesse os mais de 30 anos da prática dessa pedagogia. “Não há legislação específica sobre o tema, embora exista um parecer do Conselho Nacional de Educação que reconheça a alternância. Sendo assim, ela poderá ser extinta a qualquer momento”, disse preocupado. 

Fechamento das escolas do campo. Segundo MEC (2014), somente entre 2007 e 2013 foram fechadas 467 escolas do campo no ES. “Enquanto isso a Escola Viva é apresentada como “salvação da educação” e segue deixando seus rastros de intolerância, também sob a desculpa da reorganização escolar, fechando escolas e fazendo com que estudantes tenham que se deslocar ainda mais para estudar”, lamentou Edmar. 

A professora do Departamento de Economia, Renata Couto Moreira, reforça que a pauta para a reunião desta terça-feira, 21, não mudou. “Apresentaremos uma contraproposta onde exigimos a aprovação das Diretrizes das escolas do campo, de assentamentos e acampamentos da rede estadual de ensino do ES. Lutamos também pela criação imediatamente da Gerência de Educação do Campo”. 

Pauta. Também fazem parte da pauta que será novamente discutida com o governo as medidas emergenciais para superação dos prejuízos provocados pelas consequências da secas e crise hídrica.  Os camponeses exigem a implementação do programa de recuperação ambiental que reestabeleça as condições para a produção saudável de alimentos. 

Os/as trabalhadores/as querem que o governo destine as áreas estaduais devolutas e penhoradas nos agentes financeiros para o assentamento de todas as famílias que hoje se encontram acampadas; que seja proibida a pulverização aérea de agrotóxicos que mata rios, animais, matas e nossas famílias tanto no campo quanto na cidade, que se alimenta de comida envenenada. 

Criação da educação do campo no ES. As escolas de Assentamento no Espírito Santo surgiram no ano de 1985, a partir de reivindicações das famílias por terra, trabalho e por uma educação diferente da oferecida pelo Poder Público, pois as crianças necessitam de escola e o direito à educação é uma das prioridades do movimento.  

A partir desse entendimento, o Coletivo de Educação criado entre os assentamentos passou a ter como fundamento de suas escolas a Pedagogia da Alternância, inaugurado pela Rede Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES). Uma Pedagogia que permite tanto aos assentados como a outros estudantes de Escolas do Campo condições de aprendizagem a partir de suas demandase da realidade da vida no campo. 

Essa metodologia permite a alternância do educando no ambiente da escola e da comunidade em um processo de aprendizagem que ocorre em ambos os períodos, igualmente acompanhados pelos professores, o que constitui o que se convencionou denominar de “tempo escola” e “tempo comunidade”.  
*Com informações do Setor de Educação do MST 

Fonte: Adufes