“As ocupações foram um importante instrumento de mobilização e de aprendizado”, diz a presidente do Andes-SN

Às vésperas do 36° Congresso do Andes-SN, instância máxima de deliberação do Sindicato Nacinal, que será realizado na cidade de Cuiabá (MT) a partir desta segunda-feira (23) e se estenderá até sábado (28), a presidente do sindicato, Eblin Joseph Farage, concedeu uma entrevista para a Adufes.

No texto, ela destaca que o congresso tem como meta estabelecer estratégias para o ano vigente, que será de intensas mobilizações conta a retirada de direitos históricos promovidas pelo governo Temer.  Eblin ressalta ainda que um dos desafios centrais do Andes-SN é construir a centralidade da luta.

Adufes. Como avalia o aumento dos ataques da polícia que tenta impedir os trabalhadores de expressarem insatisfação com o governo Temer?

Eblin.  A polícia sempre foi o braço armado do Estado e age seguindo suas orientações. Se temos um recrudescimento do conservadorismo, que se entranha na estrutura do Estado, e um governo que se coloca diretamente a serviço do capital e sem nenhum tipo de mediação com os trabalhadores/as, teremos o aumento da repressão e da violência por parte da polícia. Esse ataque é a expressão das agressões do governo que tendem a aumentar em 2017.

faixa greve docenteAdufes. Os reitores informaram ao Ministro da Educação que não irão cortar pontodos servidores que participaram da greve. Como foi a negociação do Andes-SN junto a Andifes?

Eblin.A ANDIFES teve um posicionamento muito mais técnico do que político, apesar dessas duas dimensões caminharem juntas. A entidade apenas explicitou que no mês de dezembro/2016, não havia condições para proceder com o corte.

Desde antes de nossa greve mantivemos dialogo com a ANDIFES, sempre pautando a necessidade da instituição se posicionar: contra a então PEC 55; contra o corte de ponto, garantindo inclusive, a autonomia Universitária. Solicitamos ainda que os impactos dos cortes de verbas fossem explicitados. Nosso dialogo deve ser estreito, pois nesse momento é fundamental construirmos uma pauta conjunta e em unidade para defender a universidade pública, gratuita, de qualidade e laica.

Adufes. Qual a importância do 36º Congresso do Andes-SN, que ocorrerá a partir desta segunda, em Cuiabá/MT, na defesa da educação pública e na luta contra a retirada dos direitos?

Eblin. Nossos desafios estão em construir estratégias coletivas de luta e em unidade com outras categorias. Precisamos ampliar o trabalho de base, buscando maior aproximação e envolvimento da categoria nas lutas e no fortalecimento de nosso sindicato. Além disso, é preciso que ampliemos nosso arco de alianças e articulações com movimentos sociais e trabalhadores/as dos diferentes setores, pois só assim conseguiremos fazer frente aos ataques e retirada de direitos.

Já teremos que iniciar o mês de fevereiro intensificando a luta contra a contrarreforma da previdência e trabalhista. O Congresso terá essa responsabilidade de deliberar sobre nossas ações.

Adufes. A luta contra a PEC 55, em 2016, impulsionou as ocupações estudantis e a greve da educação pública. É possível afirmar que o movimento paredista deixou algum legado para os trabalhadores?

Eblin. Ficou de aprendizado, entre outros tantos, nossa urgente necessidade de ampliar nossa articulação, aContra a pec 746 unidade na luta e nas ruas. Nosso principal legado foi construir uma nova possibilidade de mobilização. As ocupações foram um importante instrumento de mobilização e de aprendizado, mas é necessário compreender que precisamos fazer dessas experiências algo que também aponte para uma perspectiva mais organizativa.

Fonte: Adufes