Representantes de sindicatos e movimentos sociais denunciaram, na tarde deste domingo (12), a omissão do governo do Estado com os assassinatos de jovens negros e das periferias da Grande Vitória. O movimento criticou a política de cortes de investimentos na educação, saúde e segurança pública e exige que o governador Paulo Hartung negocie com os Policiais Militares, pondo fim à greve.
O Ato fúnebre em defesa da vida e luto pelos assassinatos e vítimas da crise da segurança pública no ES ocorreu em frente ao Palácio Anchieta, na Cidade Alta, Centro de Vitória. Dezenas de cruzes, flores e velas foram deixadas nas escadarias do palácio do governo, simbolizando as vidas ceifadas no ES pela omissão do governo PH que vem se negando a negociar com os PMs, em greve desde o último dia 03. O grupo circulou o palácio com as cruzes nas mãos, antes de deixá-las nas escadarias.
No início da manifestação silenciosa, a presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Morgana Boostel, leu para o grupo o manifesto Espírito Santo sem medo e contra austeridade. O documento destaca que “o governador Paulo Hartung, seguindo o roteiro de sua gestão, está irredutível. Afirma ter havido um “sequestro da sociedade” pelos grevistas, e não quer negociar, como sempre fez com todos os servidores públicos e movimentos sociais”.
De acordo com o manifesto, a guerra entre governo do Estado e policiais têm aprofundado o extermínio de jovens negros e moradores de periferia. O número de mortos já somam 144 (informação do Sindipol). Dados não oficiais contabilizam mais de 300 mortes. “Por isso, pedimos basta! Basta de omissão, basta de derramamento de sangue!”, disse Morgana, criticando também o modelo de austeridade orçamentária aplicada no ES.
Para o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, o modelo de gestão do governo é baseado na crise econômica e no pânico, instrumentos de controle social. “O saneamento orçamentário gera insegurança pela retirada dos serviços básicos, como segurança pública. A repressão serve, nesse caso, para conter os efeitos dessa instabilidade. É o que estamos vivenciando de forma mais efetiva nos últimos dias”, destacou o professor. A Adufes é uma das entidades que assina o manifesto.
Durante o protesto, os manifestantes reiteraram que grande parte da população capixaba não vai ceder ao cenário socioeconômico e lutará contra a austeridade que está produzindo vítimas, sobretudo nas periferias. Na avaliação de uma das organizadoras do Ato em defesa da vida, Galdene dos Santos, que integra o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra (CDDH), o evento demostrou solidariedade aos familiares dos jovens assassinados, vitimas da intransigência do governo.
“Os assassinatos de jovens negros sempre ocorreram nas periferias do ES. Muitas mães estão chorando neste momento pela perda de seus filhos, vítimas da barbárie e do caos social gerado pelo governo do ES. Hoje, estamos reunidos também para dizer que nos importamos com essas vidas retiradas de forma brutal e nos solidarizamos com essas famílias”, lembrou.
Leia e assine o manifesto Espírito Santo sem medo e contra austeridade
Entenda o caso. Cerca de 10 mil Policiais Militares deixaram de sair às ruas, desde o dia 03/02, em protesto aos baixos salários e por melhores condições de trabalho. A categoria está sem reajuste salarial há cerca de sete anos. Como os policiais não podem fazer greve, os familiares dos militares bloquearam a saída de viaturas e do efetivo dos quartéis.
O governo estadual alega que não tem margem para poder fornecer qualquer reajuste, pois assumiu o pacote de austeridade fiscal. Em contrapartida, a população assiste o aumento da onda de saques, assaltos eassassinatos, principalmente na periferia. Mesmo com homens da Força Nacional e dasForças Armadas patrulhando às ruas, o quadro de insegurança e caos persiste.
Fonte: Adufes