Assembleia da Adufes é transformada em roda de conversa sobre reforma da Previdência


O bate-papo, que ocorreu na sede do sindicato, reuniu docentes que assistiram vídeo e debateram sobre o tema

“Infelizmente, a nossa categoria, assim como outros trabalhadores, não se deu conta ainda da gravidade das mudanças e como elas vão afetar a vida de todos”, a frase foi dita por quase todos os presentes que atenderam a convocação do sindicato. A roda de conversa marcou a programação da semana nacional em torno dos impactos da Reforma da Previdência, convocada pelo Andes-SN e por várias centrais Sindicais, entre elas a CSP-Conlutas.

“A mobilização continua, com debate e lançamento de uma consulta popular e ato público nesta quinta, 28”, frisou o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, convocando a categoria para fortalecer o Dia Nacional de Luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista. Segundo ele, há outras atividades sendo organizadas. A concentração do ato público desta terça, 28, será em frente ao Teatro da Ufes, às 17 horas. 

“Precisamos derrubar essa reforma. Temos que organizar panfletagens, debates, exibição de vídeos, aulas públicas, porque a comunidade acadêmica precisa acordar e encampar essa luta”, destacou a  professora Cenira Andrade de Oliveira, do Comando de Mobilização da Adufes, após uma breve exposição destacando alguns mitos da contrarreforma.

A PEC 287, disse Cenira, dificulta o acesso aos benefícios, exige mais tempo de contribuição e reduz drasticamente os valores a serem recebidos por meio de aposentadorias e pensões. Lembrou que, em caso de invalidez, o docente poderá até ser transferido para outro setor dentro da universidade ao invés de se aposentar.  “Isso é muito cruel“, pontuou. Para ela, a reforma também é machista e misógina, pois penaliza as mulheres com o aumento da idade mínima, desconsiderando a dupla jornada de trabalho a qual as mulheres estão submetidas.

Ataque criminoso. “Não está claro, por exemplo, se vou ter direito à paridade, à integralidade, se posso ou não me aposentar com o teto máximo, se vou ter que cumprir pedágio, e nem sei qual o valor que receberei. Será pelo teto do INSS ou não? Essa é uma angústia que me acompanha e a vários outros colegas”, ressaltou diretor da Adufes, Leonardo Dutra. Para ele, trata-se de um ataque criminoso contra os direitos dos trabalhadores.

De acordo com os presentes, os jovens serão extremamente prejudicados. “A pessoa só conseguirá se aposentar se começar a trabalhar aos 16 anos (idade mínima permitida) e terá que manter de forma ininterrupta o emprego pelos 49 anos seguintes, sem deixar de contribuir um único mês”, disse o professor Rafael Gomes, do Departamento de Psicologia Institucional da Ufes. O docente lembrou que a Lei da Terceirização, votada na semana passada na Câmara Federal, irá reduzir drasticamente o repasse das contribuições à previdência social.

Outro a criticar a medida foi Luiz Jorge Vasconcellos, do Departamento de Economia, que destacou a propaganda enganosa em torno do suposto déficit da previdência. É fundamental que a sociedade conheça o que está em debate, o que de fato pode ser votado e o que vai mudar nas nossas vidas”, disse, ressaltando que a proposta da Reforma da Previdência não foi discutida com a sociedade civil, principal prejudicada pelo tema.

Trabalhador terá de contribuir 49 anos para receber aposentadoria integral
A PEC 287/16, apresentada pelo Governo Federal em dezembro de 2016, em tramitação no Congresso Nacional, deve ser votada ainda neste semestre. A medida estabelece idade mínima de 65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar e ainda exige contribuição de 49 anos para que o trabalhador possa receber o valor integral do salário. Alguns benefícios também poderão ser desvinculados do salário mínimo, diminuindo o valor da aposentadoria ao longo do tempo.

“Não podemos nos calar diante desse “quarteto da morte” montado a partir da combinação perversa da PEC 241 (que congela os investimentos públicos em saúde e educação por 20 anos), a terceirização e as reformas da Previdência e Trabalhista”, concluiu o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto.

Fonte: Adufes