Reforma da Previdência leva centenas de trabalhadores às ruas de Vitória

Nem a chuva inibiu os manifestantes que se reuniram na Praça de Goiabeiras e saíram em caminhada pela Avenida Fernando Ferrari, na capital capixaba. A atividade de luta contra a reforma da Previdência foi encerrada em frente ao Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória.

Centenas de trabalhadores do campo, cidade e de diferentes categorias do serviço público e privado paralisaram as suas atividades e participaram na manhã desta quarta-feira (15) do Dia Nacional de Greves, Paralisações e Mobilizações contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, que institui a contrarreforma da Previdência. Os docentes da Ufes também aderiram a atividade de mobilização e marcharam com outros diversos segmentos da classe trabalhadora.

Vários manifestantes expressaram frases de revolta em faixas eHartung desvio cartazes: “Fora Temer”, “Fora Hartung”, “Nenhum direito a menos” e “Com a reforma, você pode trabalhar até morrer ou morrer trabalhando”. O grupo distribuiu para a população cartilhas e jornais que denunciam o fim da aposentadoria para os trabalhadores brasileiros que têm as mulheres e os trabalhadores do campo como os mais prejudicados.

“Ganhamos salários menores e acumulamos funções que chegam a ultrapassar mais de 5 horas semanais do que os homens”, disse no carro de som a representante do Sindienfermeiros Paula Brasil. Segundo ela, o fato explica porque hoje as trabalhadoras têm o direito de se aposentar cinco anos antes dos homens. “Um conquista histórica que o governo Temer pretende tirar. Se aprovado, será mais um retrocesso sem procedentes nos direitos das mulheres”, criticou.

Professoras também entre as mais prejudicadas. A perversa reforma previdenciária, empurrada pelo governo, poderá afetar especialmente as professoras. Isto porque a reforma pretende acabar com a aposentadoria diferenciada dos professores (aos 25 e 30 anos de contribuição) e igualar a aposentadoria por idade para homens e mulheres aos 65 anos.

Reforma da previdncia 15 de maroSegundo a professora Úrsula Rola, da Educação Infantil de Cariacica, as mudanças previstas pela reforma podem gerar um acréscimo muito alto no tempo de contribuição das professoras da educação básica. “Essa proposta inviabiliza a aquisição da aposentadoria para a maior parte das trabalhadoras”, explicou a docente. Ela salientou que a dinâmica de trabalho da educação infantil tem gerado sobrecarga e adoecimento. Muitas ainda buscam uma segunda fonte de renda, pois só o salário do magistério é insuficiente.  “A reforma acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e com a aposentadoria diferenciada para mulheres, que na maioria dos casos acumula uma dupla e/ou até tripla jornada”, lamentou Úrsula.

Dados do Ministério do Trabalho de 2015 mostram que as mulheres representam a maior parcela dos professores da educação básica privada no Brasil. Só na educação infantil – de 3 a 5 anos – o número quase bate os 90%.

Trabalhadores do campo. A reforma da Previdência prevê que a aposentadoria especial para trabalhadores rurais, na prática, deixe de existir. “Ou seja, teremos que atingir idade mínima de 65 anos, além de 25 de contribuição mínima”, lembrou Ednalva Gomes, da direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Hoje, a aposentadoria – que equivale a um salário mínimo – pode ser requerida ao se completar 60 anosRocha leonardo 15 de maro (homens) e 55 (mulheres), bastando a comprovação do trabalho no campo. A aposentadoria por tempo de contribuição é possível a partir de 15 anos de pagamentos.

Durante o ato, trabalhadores do campo criticaram a medida por não levar em conta que o desgaste que sofrem na lida diária é muito maior que a dos urbanos e a expectativa de vida é mais curta (dados do IBGE e do IPEA). “Morreremos antes de nos aposentar”, lamentou um dos pequenos agricultores.

O presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, frisou que a Previdência não é para dar lucro, apesar do desejo de muitos. “Deve cumprir uma função social e ser um instrumento para garantia da qualidade de vida dos trabalhadores e que também inclui distribuição de riqueza”, defendeu Rocha.

Rumo à greve geral. A data de mobilização  foi indicada no 36º Congresso do Sindicato Nacional, e posteriormente incorporada nos calendários de luta do Setor das Instituições Federais de Ensino (Setor das Ifes) do ANDES-SN, e aprovada na reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas. 

Cartaz preto 15 de maro“15 de março – Dia de paralisações e mobilizações nos Estados -, é fruto do esforço da CSP-Conlutas e outras centrais sindicais, para mobilizar as diversas categorias rumo à greve geral. “O nosso maior desafio é unificar os trabalhares na luta contra as Reformas da Previdência e Trabalhista. Não vamos esperar 2018 para as mudanças acontecerem”,   enfatizou Filipe Firmino, representante da CSP-Conlutas.

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Fonte: Adufes