Greve Geral: Vitória amanhece em luta por direitos


Trabalhadores capixabas ocuparam as ruas logo cedo em protesto contra as medidas de Temer. No campus de Goiabeiras/ Ufes, professores, técnico-administrativos e estudantes fizeram piquetes, panfletagens e caminhada.
Veja aqui as fotos da Greve Geral.

A luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista e contra a terceirização unificou a classe trabalhadora no ES. Na manhã desta sexta-feira (30), um ato público reuniu trabalhadoras/es de todas as categorias ligadas/os às várias centrais sindicais e movimentos sociais que denunciaram o desmonte dos direitos dos trabalhadores expressos pelo Projeto de Lei 38/2017, a Reforma Trabalhista, e pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2017, a Reforma da Previdência. 

Carregando bandeiras, faixas e cartazes com dizeres “Fora Temer” e críticas às reformas, manifestantes da Ufes se encontraram com trabalhadores do MST, Via Campesina e Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) de Colatina e Baixo Guandu, unificando o ato.  Em Aplausos greveseguida, caminharam pelas avenidas Fernando Ferrari e Reta da Penha, com paradas em frente à Findes e à sede da Petrobras. Durante o percurso, houve demonstrações de apoio à Greve Geral com aplausos e buzinas.  

“Todas as categorias do campo, da cidade, do setor público e privado estão aqui juntas em mais uma greve, a segunda em dois meses. Chega de desgoverno e de mau uso do dinheiro público. Não aceitamos isso”, ressaltou o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, demonstrando seu descontentamento com a série de projetos, alguns já aprovados e outros em tramitação acelerada, que retiram direitos históricos dos trabalhadores brasileiros.

Policial alesTruculência. Com o comércio praticamente fechado, houve protestos em vários pontos da capital. No Centro de Vitória, o ato pacífico foi duramente reprimido pela PM com bombas de efeito moral. Mesmo assim, o grupo também seguiu para a Assembleia Legislativa (ALES), na Enseada do Suá.  A greve culminou em um grande ato público em frente à ALES que estava “protegida” por um cordão de policiais miliares. “Essa ‘Casa do Povo’ não nos representa. Estamos nas ruas porque queremos também eleger novos representantes” gritou um dos manifestantes do carro de som.

O mesmo recado foi direcionado ao presidente da República, Michel Temer, ao governador Paulo Hartung, ao prefeito de Vitória Luciano Resende e a lideranças capixabas no Congresso Nacional, como os senadores Ricardo Ferraço (PSDB), Rose de Freitas (PMDB), Magno Malta (PR) e o deputado federal Lelo Coimbra (PMDB) que estão entre os entusiastas das Reformas Trabalhista e Previdenciária.

Terras devolutas. A representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Nalva Moreira Gomes, também lembrou que, em âmbito estadual, os pequenos agricultores estão em risco por conta do Projeto de Lei das Terras Devolutas (PL 296/2015). A proposta permite a venda das terras por 40% do valor real.

Greve 30 nehum direito a menosDe acordo com Nalva, até hoje o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf) não deu visibilidade ao mapa das terras devolutas. Os trabalhadores do campo, segundo ela, reconhecem que estão nas mãos de grandes empresas, como a Aracruz Celulose (atual Fibria) e grandes empresários. “Agora, os deputados querem passar essas áreas com desconto de 40%, quando elas deveriam ser destinadas à reforma agrária”, disse Nalva.

Tragédia. Os trabalhadores do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) dos municípios de Colatina e Baixo Guandu denunciaram o descaso da Vale do Rio Doce e da Samarco com as vítimas. “Com o rompimento das barragens e o assassinato do Rio Doce várias famílias e comunidades estão à mingua. Apesar de ter se passado mais de um ano, MABas indenizações prometidas ainda não aconteceram e tampouco a recuperação do rio, da fauna e da flora” denunciou Litunoy Gomes de Araújo, do MAB.

Educação em risco. Os cortes na Educação e o fechamento das escolas do campo também foram alvos de críticas por parte dos manifestantes. “Os cortes orçamentários inviabilizam o pleno funcionamento das escolas e da Ufes. Estão tentando privatizar esses espaços a qualquer custo. A educação do campo também está sofrendo nas mãos do governo Estadual. Muitas escolas estão sendo fechadas para abrir espaço para “Escola Viva”, um projeto que terceiriza o plano político-pedagógico da educação pública”, destacou Daniel Barbosa Nascimento, da rede municipal de Vitória.  

Convocada como resposta às reformas trabalhista e previdenciária, a Greve Geral deste 30 de Junho reuniu professores e funcionários das redes federal, estadual e municipais de ensino da GV, profissionais de saúde, bancários, metalúrgicos, estivadores, pescadores/as, entre vários outros. 

Fonte: Adufes