Despejados do prédio do IAPI clamam por ajuda

As famílias foram retiradas do prédio do antigo IAPI, no Centro de Vitória, nesse domingo.  As Defensorias Públicas da União e Estadual entraram hoje com petição conjunta pedindo abrigo provisório, mas o pedido foi negado. 

Após mais de dois meses no local, os últimos ocupantes do prédio do antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), deixaram o local nesse domingo (23), por determinação da Justiça. Sem ter para onde ir, várias das famílias foram acolhidas pela comunidade do bairro Piedade, em Vitória, que disponibilizou o galpão do Centro Comunitário para que elas não ficassem ao relento, sob frio e chuva.

“Estamos desesperados, porque esse abrigo aqui é para apenas uma noite. Esse é um espaço utilizado pelos moradores e temos que arranjar nova alternativa de abrigamento”, desabafou a cuidadora de idosos R.R.C.  que está há meses desempregada. Dividindo o espaço com outras dezenas de pessoas, R.R.C está aliviada apenas por um motivo: o filho de 14 anos e a mãe idosa estão abrigados na casa de um amigo da família. “Tive que deixa-los lá. Pelo menos, eles têm casa e comida por alguns dias”, disse.·.     

Na tarde desta segunda-feira, 34 famílias (segundo a organização) ainda dividiam o salão do Centro Comunitário, onde são ministradas aulas de dança para crianças da região. As atividades, no entanto, tiveram que ser interrompidas. De forma improvisada, os desalojados – entre eles várias crianças, como dois bebês de seis meses e de dois anos, além de uma gestante -, dormiam em colchões espalhados pelo chão e se alimentavam com doações entregue pela comunidade.

Promessa. A prefeitura de Vitória, segundo os sem teto, havia prometido disponibilizar um galpão na Avenida Vitória para que pudessem guardar os móveis e demais objetos retirados do prédio do IAPI. “Estava com tudo embalado, mas na última hora a prefeitura voltou atrás. Só fiquei com a roupa do corpo. Tive que despachar todos os meus pertences para casa de parente”, disse a dona de casa J.P.S que deixou o prédio do IAPI com quatro filhos pequenos.  

Ação de despejo.  A ação de reintegração do prédio do antigo IAPI foi consumada após quase dois meses depois que a Justiça Federal atendeu pedido solicitado pela Advocacia Geral da União.  A desocupação começou na manhã de sábado e finalizada no domingo. Em entrevista à imprensa local, o superintendente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), José Carlos de Oliveira Machado, garantiu que o prédio do antigo IAPI será direcionado para moradia popular.

Segundo ele, com a retomada da posse, a União pretende realizar trâmites burocráticos até outubro e, depois disso, transferir a posse do prédio para entidades sociais que vão direcionar o local para moradia popular. Para R.R.C, que havia transformado uma sala no 6º andar do antigo edifício IAPI em um apartamento de dois quartos, ficou o sonho da moradia digna. “Nunca tive um cantinho meu, e quero realizar esse sonho antes de morrer. A minha esperança é voltar para lá um dia”.

Fonte: Adufes