Diante do cenário caótico da educação superior estadual do Rio de Janeiro, em que os servidores não recebem salários há três meses e não há condições financeiras de manutenção das atividades acadêmicas, os docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiram entrar em greve a partir de 1º de agosto, data prevista para o início do semestre letivo. A decisão foi tomada em assembleia geral realizada na quinta-feira (6).
Em nota, a Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj – Seção Sindical do ANDES-SN) explicitou a posição da categoria sobre a impossibilidade de iniciar o semestre letivo. “Três meses após a decisão da Reitoria da Uerj de iniciar as aulas do semestre de 2016.2, mesmo sem salários e bolsas em dia, com o bandejão parado e inúmeras incertezas acerca das condições de funcionamento da Universidade, estamos encerrando de forma melancólica o semestre. Semestre este que foi reduzido a 13 semanas, com indubitáveis prejuízos acadêmicos”, diz a Asduerj-SSind.
“Resistimos e chegamos ao fim do semestre, mesmo que aos trancos e barrancos. Mas, decididamente, não dá para iniciar o próximo semestre deste mesmo jeito. Por isso, nós docentes demos um basta: ou o governo estadual paga o que nos deve ou não iniciaremos o próximo semestre”, completa a nota da Asduerj-SSind. Uma nova assembleia para discutir a mobilização da categoria está marcada para o dia 1º de agosto.
Entre as demais deliberações da assembleia estão: definir como pauta emergencial a regularização de salários, bolsas e o custeio da universidade; revisão do calendário com 75% a menos do período, previsto para 2017.1; levar ao Consun a proposta de convocação de Assembleia Universitária; produzir nota contestando a avaliação da Reitoria de que as condições melhoraram ao longo do semestre; cobrar a posição da Reitoria sobre as condições e o orçamento da universidade, em ato no Conselho Universitário; cobrar da reitoria o encaminhamento com urgência da Resolução sobre a dedicação exclusiva (DE) ao Conselho Universitário; instalação de um painel com os dias de salários atrasados nos campi da Uerj; exposição de trabalhos simultâneos em estações de metrô; encaminhar as entidades de áreas pedidos de descontos e isenções para professores da Uerj em encontros acadêmicos; produção de vídeos com depoimentos de professores, técnico-administrativos e alunos sobre este primeiro semestre na Uerj; carreata simultânea nos municípios com campi da Uerj no mês de agosto.
Manifestação cobra pagamento de salários
A assembleia também deliberou pela realização de uma manifestação em frente à Secretaria da Fazenda, em conjunto com o Fórum dos Servidores da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Social (Sectds), para cobrar do governo fluminense o pagamento dos salários atrasados. A manifestação ocorreu na segunda-feira (10) e, após o protesto, o chefe de gabinete da Secretaria afirmou que um calendário de pagamento deve ser anunciado na próxima quarta-feira (12). Nesse mesmo dia, o Fórum dos Servidores da Secretaria de Ciência e Tecnologia volta a se reunir, na Uerj, às 17h.
Na manhã desta terça-feira (11), Pedro Fernandes, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, entregou seu cargo. Pedro criticou a diferença do tratamento dado pelo governo estadual às diferentes categorias de servidores. Os servidores da Sectds são os últimos na ordem de prioridade de pagamento de salários.
Com informações e imagem da Asduerj-SSind
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