Ato contra racismo no CMEI Cida Barreto será nesta quinta, 24

A atividade ocorrerá em dois horários: às 9h30 e 15h30. A concentração de ambas é na Praça do Supermercado Eba, em Jardim da Penha/Vitória.

“Abayomi Contra o Racismo nas Escolas Públicas” é tema do protesto organizado pelos trabalhadores em educação municipal de Vitória. Na primeira quinzena de agosto (10) ocorreu mais um ato de racismo institucional no ES. De forma arbitrária, um painel de bonecas Abayomi feito por crianças foi retirado da parede do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Cida Barreto, em Jardim da Penha. A ordem foi dada pelo pastor João Brito sob alegação de combate a um “símbolo de macumba”.

Os trabalhadores em educação e o movimento negro lançaram manifesto pedindo pronunciamento oficial da Secretaria Municipal de Educação (SEME) de Vitória sobre o caso. O grupo também reivindica a mudança do local da creche, uma vez que o imóvel é alugado e pertence à Igreja Evangélica Batista de Vitória.

O espaço em que são expostas as atividades das crianças é de uso compartilhado entre o Cmei e à igreja. Com diversos cartazes, os manifestantes vão denunciar o ato do pastor que contribui para práticas racistas e preconceituosas. Para os organizadores, é urgente uma posição oficial que demonstre o cumprimento das diretrizes curriculares e garantia ao respeito à diversidade. A crítica é que mesmo após os 14 anos de lei que garante abordagem da temática étnico-racial, as escolas só contam com ações individuais de docentes e, mesmo assim, são reprimidas.

Planos Pedagógicos. Entre as legislações que tratam do ensino da história da África está a Lei nº 4.803, de 21/12/1998, que instituiu a inclusão da História Afro-Brasileira no conteúdo curricular das escolas da Rede Municipal de Ensino de Vitória; e a Portaria nº 052, de 17/8/2004 que constituiu uma comissão para implementar, no Sistema Municipal de Ensino de Vitória, as disposições da Lei nº 10.639/03, que trata da obrigatoriedade da temática da “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo.

O presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, defende que é preciso consolidar a abertura das unidades de ensino, inclusive superior, para valorização às singularidades. “É importante que haja um esforço coletivo de dar espaço às pluralidades, a cultura, com diferentes práticas sociais”, defende.

Bonecas Abayomi: símbolo de resistência, tradição e poder feminino. De acordo com o site Alyne, em defesa das mulheres negra (RJ), a palavra Abayomi tem origem Yorubá que constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, representando 18% da população total. Seu significado é aquela ou aquele que traz felicidade ou alegria. Abayomi quer dizer encontro precioso: abay=encontro e omi=precioso.

Sua história está ligada a época da escravização em que as mulheres negras confeccionavam as bonecas com pedaços de suas saias, único pano encontrado nos navios negreiros, para acalmar e trazer alegria para todos.  O retorno da tradição das bonecas Abayomi foi feito por Lena Martins, artesã de São Luiz do Maranhão, educadora popular e militante do Movimento de Mulheres Negras que procurava na arte popular um instrumento de conscientização e sociabilização.

“Logo, a boneca Abayomi não é ‘macumba’ como afirmou o pastor Brito, ela é parte da identidade de ser negra e negro, e parte do que é o Brasil”, diz Rocha.

Fonte: Adufes