Ato nesta sexta-feira (4) cobra apuração do Extermínio da Juventude Negra no ES

A manifestação ocorrerá às 17 horas, em frente ao Palácio Anchieta (sede do governo do Estado), no Centro de Vitória.

“Contra o Extermínio da Juventude Negra: pela memória e justiça do massacre de fevereiro”. Esse é o tema do Ato Público organizado pelo movimento Convergência Negra do ES – Unidade Contra o Racismo. De forma trágica, fevereiro de 2017 entrou para a história capixaba liderando o número de assassinatos de jovens negros. Foram mais de 200 mortes no ES. Os crimes ocorreram durante a crise de segurança e austeridade, conhecida como a greve da PM.

Com faixas e cartazes, os manifestantes vão denunciar, mais uma vez, a omissão do governo Paulo Hartung diante dos assassinatos. “Vamos cobrar do estado a apuração do extermínio da juventude negra. A polícia, a violência, continua com um viés racista contra a população negra e da periferia”, diz Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, da Convergência Negra. Cruzes serão fixadas no gramado do Palácio Anchieta, em memória dos jovens negros.

Investigações. Na segunda-feira, 31, o movimento protocolou documento na Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESP) e no Ministério Público Estadual (MPE), pedindo informações acerca do andamento das investigações dos crimes ocorridos em fevereiro.  Segundo Lula, não há balanço oficial do número de homicídios.  “Esses casos não podem cair no esquecimento”, frisa, afirmando que outras ações serão feitas exigindo justiça.

De acordo com o “Mapa da Violência: Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil”, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, divulgado em 2016, o Espírito Santo é um dos estados no topo do ranking da violência contra jovens e adolescentes. Segundo os dados, coordenado pelo Programa de estudos sobre a violência, da Flacso Brasil, o estado perde somente para Alagoas.

No ES obteve um índice de 140.6 motes por 100 mil, enquanto o Alagoas ficou em 147. Em todo o Brasil, os homicídios nessa faixa etária atingem os homens, que são 93% das vítimas. Em terras capixabas, esse público representa 95,9%.

Em 2012 (ano base para o estudo), foram 981 jovens assassinados no estado. Desses, 892 eram negros, o que corresponde a 90,2% dos homicídios. A taxa se iguala a índice de guerra civil.

Massacre de fevereiro de 2017. O fechamento dos batalhões da PM por familiares dos militares deflagrou um clima de pânico inflado pela mídia e o descaso do governador. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol), ocorreram mais de 200 mortes em três semanas. As principais vítimas, jovens negros e moradores de periferias acentuando o processo de extermínio já em curso.

“Após seis meses do massacre, ainda não sabemos a história de vida dessas vítimas. Quais eram seus sonhos e o tipo de violência sofrida”, reforça Lula, lembrando que o protesto desta sexta (4) é “para cobrar a repercussão de cada crime e dar voz aos nossos mortos e contra o racismo”.

Fonte: Adufes