Adufes e Fórum Capixaba de Lutas Sociais homenageiam Maria Clara da Silva

Maria nasceu em 8 de janeiro de 1935, em Aimorés-MG. Já participou de todos os conselhos de habitação e, atualmente, é membro do Conselho de Vitória. 

A homenagem a uma das principais lideranças do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) fez parte do evento Direitos Humanos: coletivos, apostas e resistência. Na ocasião foi realizada uma roda de conversa com a presença de Manaíra Teixeira Carneiro (Coletivo Maré Vive), Valmir Rodrigues Dantas (Fórum Bem Maior – Território do Bem/ES) e Acácio Augusto (Escola Paulista de Política, Economia e Negócios – UNIFESP).

O evento, que teve apresentação cultural de Juliano Rabujah, ocorreu na sede da Adufes, nessa quarta-feira (13). Na abertura, a professora Ana Carolina Galvão Marsiglia, Msica DHrepresentante da Adufes no Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH),  leu para o público um texto destacando que Maria Clara “tem lutado para que as pessoas tenham direito à cidade, de ocupá-la, de nela viver dignamente”. O relato também cita as ocupações mais marcantes que ela participou: São Pedro, Nova Rosa da Penha, região do Santuário de Vila Velha e o atual bairro São João Batista, nas décadas de 80, 90 e 2000.

“Hoje, aos 82 anos, Maria Clara continua ativa e altiva, atuante e líder, participando da organização das ocupações realizadas no Espírito Santo em 2017, entre as quais podemos destacar a ocupação do terreno da Fazendinha, que já se deslocou para vários lugares, sendo que hoje, parte está no Edifício Santa Cecília, no centro de Vitória, na chamada Ocupação Chico Prego”, citou.

Rocha entegando homenagem MCEmocionado o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto, entregou a placa de homenagem à Maria Clara, expoente da luta por moradia.  “A história de vida da companheira tem nos motivado a resistir a todos os desmontes promovidos pelo governo. Ao vê-la com tanta força e disposição, nós mais jovens, não podemos ter medo de lutar”, elogiou Rocha.

mesa DHRoda de Conversa. A cineasta Manaíra Teixeira Carneiro, integrante do Coletivo Maré Vive salientou as formas de resistência criadas pelos moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, ante à truculência do Estado. “Temos uma página em que os moradores relatam o cotidiano e comunicam os atos de violência. Trata-se de mais um instrumento de auto proteção contra mortes e tiroteios”, disse Manaíra, lembrando que é preciso fortalecer as subjetividades dos moradores.

Já Valmir Rodrigues Dantas, coordenador do Fórum Bem Maior – Território do Bem, em Vitória, frisou que o Bem, moeda social utilizada pelos moradores da região, deu início ao processo de integração das comunidades. “O Bem, banco comunitário local, é uma estrutura que mobilizou e articulou os moradores de diferentes comunidades no mesmo espaço social e geográfico”. Segundo Valmir, também foi criado o Fórum Bem Maior, um espaço aberto de construção de valores e de diálogo.

O professor Acácio Augusto (Escola Paulista de Política, Economia e Negócios – UNIFESP) criticou que a segurança esteja acima das garantias fundamentais, como educação,Exposio DHsaúde e habitação. Para Acácio, isso produz uma “democracia para o extermínio” sem que haja necessidade de um regime ditatorial. “Nesse processo, o exército passa a ser chamado para atender problemas ambientais e a ocupar bairros, como ocorreu no ES”, criticou, ressaltando a necessidade de uma ética de transformação num sentido revolucionário.

Doações e exposição fotográfica. Durante a atividade foram recebidas doações de alimentos, roupas e brinquedos para as ocupações do MNLN. Além disso, houve exposição fotográfica de Nunah Alle e André Alves. As imagens foram vendidas por um preço simbólico e a arrecadação repassada às ocupações acompanhadas pelo MNLM.

Veja aqui as fotos do evento de Direitos Humanos: coletivos, apostas e resistência

 Fonte: Adufes