Comunidade acadêmica realiza manifestação em defesa do Hospital Universitário da USP

Docentes, técnico-administrativos, estudantes em greve, terceirizados do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP), e seus usuários, realizaram uma manifestação na última quinta-feira (7), na capital paulista, contra o desmonte do hospital e em defesa de uma saúde pública e de qualidade. A manifestação também contou com o apoio da Associação dos Docentes da USP (Adusp-Seção Sindical do ANDES-SN), do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), do Diretório Central dos Estudantes Livres (DCE), do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e do Coletivo Butantã na Luta, associação de moradores da região, que vem organizando reuniões, manifestações, abaixo-assinado e pesquisas de opinião.

O ato teve início, no final da tarde, no Centro de Saúde-Escola Butantã e percorreu a Avenida Vital Brasil até a estação de metrô Butantã, onde os manifestantes realizaram uma série de intervenções para conscientizar a população sobre a precarização do hospital universitário e responsabilizar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o reitor, Marco Antonio Zago, e o secretário municipal de Saúde, Wilson Modesto Pollara, pelo sucateamento do HU. O prefeito da capital paulistana, João Doria (PSDB), também foi alvo de críticas, por afirmar ter planos de municipalizar a instituição e transferi-la à gestão de organização social (OS).

O HU sofre um processo de desmonte desde 2014, com o início da gestão de Zago, que chegou a caracterizar o hospital como “parasita” da universidade e defendeu sua desvinculação da administração da USP, o que não ocorreu devido à mobilização da comunidade universitária. Entretanto, desde o primeiro Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV), o quadro de funcionários tem sofrido redução e as contratações estão congeladas. Além de dificultar a escala de plantões e prejudicar o atendimento da população, o congelamento de contratações sobrecarregou a equipe restante, gerando ainda mais pedidos de demissão. A falta de profissionais fez com que o atendimento do Pronto Socorro Infantil do hospital fosse suspenso no dia 21 de novembro.

“O tamanho da resistência à destruição do hospital pode-se medir pela greve dos estudantes dos cursos de Medicina e Enfermagem, o que não é comum, e também com a forte mobilização da comunidade acadêmica. O embate será duro neste final de ano e esperamos impedir a destruição do HU e reverter esta situação de precarização, que não é de hoje”, avaliou Rodrigo Ricupero, presidente da Adusp-SSind.

Estudantes em greve. No dia 13 de novembro, os estudantes da Faculdade de Medicina (FMUSP) deflagram greve em defesa do Hospital Universitário (HU) da USP. É a primeira greve estudantil do curso desde a ditadura empresarial-militar (1964-1985). No dia seguinte, os estudantes da Escola de Enfermagem (EEUSP) também aderiram à greve. Devido à suspensão do atendimento ao Pronto Socorro Infantil, no dia 4 de dezembro, foi a vez dos médicos residentes de Pediatria do HU também deflagrarem greve.

“Nós estamos sofrendo com perda de funcionários médicos e o hospital está atendendo a poucos da população. Agora a intenção é passar o hospital para uma OS, que a gente sabe que não funciona porque já tomaram conta da Unidade Básica de Saúde UBS do Butantã. Então nossa luta é contra o Alckmin, que não ajudou a preservar o hospital, e contra o Zago, que é contra a saúde pública”, explicou Zelma Fernandes Marinho, diretora do Sintusp. “Temos que lutar para que o HU continue dentro da USP, com a qualidade que ele tem e que os estudantes possam continuar a fazer seus cursos dentro do hospital”, completou.

*Com informações e imagem da Adusp-SSind.

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Fonte: ANDES-SN