Livro de professora da Ufes censurado pelo Sesi volta às salas de aula


Obra selecionada como paradidática pela rede do Sesi de Volta Redonda (RJ) foi retirada da lista a pedido de pais que criticaram o título africano do livro.

Em meio ao Fórum Social Mundial (FSM), espaço de debate e denúncia sobre o extermínio da população negra e outras barbáries, uma polêmica veio à tona. A escritora e professora da Ufes, Kiusam de Oliveira, uma das representantes da Adufes no evento, foi surpreendida com uma ligação telefônica informando que seu livro Omo-Oba: Histórias de Princesas (Mazza Edições, 2009) havia sido abolido da grade de livros didáticos após ser adotado em sala de aulas pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) de Volta Redonda, no Sul Fluminense.

Pais fundamentalistas procuraram os jornais e setores da educação carioca para censurar o livro por tratar de princesas africanas. Em seguida, o Sesi emitiu comunicado aos pais dos/as alunos/as informando a decisão da instituição em substituir o material. “O livro não tem nenhuma conotação religiosa. Apenas faz menção às rainhas, das quais somos descentes”, diz Kiusam, ressaltando que sua obra narra contos de orixás e mitos africanos. Indignada, ela acredita que os pais sequer tiveram contato com a obra que foi premiada e distribuída em 2011 para 39 mil escolas públicas do país.

Recuo do Sesi. A Federação das Indústrias do Rio (Firjan) admitiu que o Sesi-VR “errou ao anunciar que iria escolher outro livro no lugar de Omo-Oba”, e garantiu que o título será mantido. A instituição afirma ainda que a equipe pedagógica da unidade passará por reciclagem. “Eles já me convidaram para participar, em abril, de um evento nacional que abordará a literatura negra. Garantiram que terei contato com as crianças e com os pais e uma conversa com os profissionais da educação”, comemora a escritora e ativista do movimento negro.

Autora de três livros publicados e premiados, Kiusam recebeu inúmeros apoio de profissionais de educação e de pais que kiusam livro omo obaveem no Omo-Oba: Histórias de Princesas uma ferramenta importante para o processo de construção da identidade das meninas, independente de raça/cor, etnia, condições socioeconômica.  Pais, que já leram o livro, atribuíram a rejeição a supostas intolerância religiosa e racismo. A docente Kiusam de Oliveira integra o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Questões Étnico-Raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) da Adufes.

Fonte: Adufes