No comunicado, os universitários defendem que o encontro solicitado por eles entre o MEC e a reitoria seja uma espécie de audiência pública na qual as duas partes apresentariam um posicionamento oficial sobre o assunto.
Os estudantes ocuparam a reitoria da Universidade de Brasília (UnB) na última quinta-feira (12) e pedem mais transparência sobre a situação financeira da universidade. Em comunicado no último sábado (14) , no Facebook, os manifestantes cobram reunião com o Ministério da Educação e com a universidade. “Afirmamos a necessidade da Reitoria de disponibilizar, de forma transparente, informações acerca do custeio da UnB, em especial os contratos com as empresas terceirizadas”, afirmam.
Na nota, eles dizem que não vão aceitar a demissão de terceirizados nem o que classificam como “sucateamento” da universidade para uma “posterior privatização”. O comunicado questiona a emenda constitucional que instituiu o Teto dos Gastos afirmando que nem todas as arrecadações da UnB retornam para o órgão.
“Exigimos a liberação, por parte do MEC, dos editais de ingresso de indígenas e quilombolas, bem como pela manutenção das bolsas de permanência estudantil, que afetam principalmente estudantes de baixa renda, negras e negros, indígenas e quilombolas.”
Ontem, a ocupação recebeu a visita da reitora da instituição, Márcia Abrahão Moura, que aceitou o pedido dos estudantes para assinar um documento em que se compromete em não penalizar administrativamente “nenhum estudante ou trabalhador” que esteja participando do movimento. “Eventuais danos patrimoniais serão apurados”, acrescentou a reitora na declaração.
Entenda
A ocupação da reitoria da UnB ocorre em meio a uma crise financeira que atinge também outras universidades públicas. A instituição havia anunciado que, diante da restrição orçamentária, adotaria medidas de redução de recursos, como a demissão de funcionários terceirizados, o cancelamento de contratos de estágio e aumento nos preços no restaurante universitário. A direção da universidade e o ministério, porém, divulgaram posicionamentos divergentes sobre os dados financeiros da instituição.
Também em Nota, os estudantes manifestaram-se contra as medidas e defenderam a manutenção das bolsas de permanência, pagas a alunos de baixa renda, e a volta dos porteiros no turno da noite. Sobre a situação financeira, pedem que o MEC libere as verbas arrecadadas pela UnB, além de auditoria nos contratos com prestadores de serviço.
Posição do MEC
Na terça- feira (10), estudantes, professores e servidores promoveram um ato em frente ao Ministério da Educação para cobrar do órgão a liberação dos recursos previstos para o ano. No mesmo dia, estudantes ocuparam a sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em protesto contra a crise na universidade.
Após as manifestações, o ministério divulgou a nota “A verdade sobre a UnB” na qual desmente a possibilidade de a universidade fechar nos próximos meses por falta de recursos e diz que suspendeu uma negociação após “manifestantes encapuzados” tentarem invadir o prédio.
Nota dos estudantes da ocupação
Nós da ocupação viemos nos manifestar contra a falta de transparência do MEC frente às decisões que podem ser futuramente acordadas com as entidades universitárias sobre a verba pública e sua real administração. A mesa organizada pelo MEC não nos representa, pois ela não é pública nem transparente. O MEC não demonstrou disposição para
dialogar conosco, visto que a entidade estudantil convidada para compor a mesa (DCE) não nos representa, e até mesmo declarou em nota à imprensa que está contra o movimento de ocupação.
Ao invés da proposta desleal do MEC, exigimos que o que foi acordado com estudantes em ocupação do prédio do FNDE seja cumprido: que a mesa e toda a prestação de contas da UnB sejam tornadas públicas e realizadas dentro da própria universidade para que o acesso da comunidade universitária a essa reunião seja facilitado. Somado a isso, nós exigimos a mudança da composição da mesa, pois queremos que sejam inclusos os estudantes que vêm acompanhando o movimento e suas discussões políticas. Buscamos com isso o melhor diálogo sobre o andamento da verba pública que é destinada à educação e, principalmente, à Universidade de Brasília e também todo o seu quadro de funcionários terceirizados.
Sabemos que todas essas medidas de austeridade aplicadas pelo governo federal nas universidades públicas por todo o Brasil são parte de um projeto de desmonte do ensino público, que visa entregá-lo ao capital privado – um plano endossado pelo Banco Mundial e por diversos gigantes do sistema capitalista nacional e internacional. Não permitiremos que o futuro de nossa universidade seja decidido a portas fechadas.
Contra o sucateamento da educação, RESISTIMOS.
Fonte: com informações AB Agência Brasil e facebook da ocupação