Lutar não é crime: professores municipais de Vitória têm corte de ponto

A categoria retomou o trabalho quarta-feira, 25, porém a luta por melhores condições de trabalho e ensino continua. Os profissionais da educação reivindicam ainda a reposição da inflação desde 2014, plano de cargos e salários, liberação remunerada para fazer mestrado e doutorado, além de melhorias nas infraestruturas das escolas.

A greve que durou cerca 30 dias mostrou aguerridos lutadores da educação pública de Vitória. Mesmo enfrentando dura pressão da justiça e autoritarismo do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS), que determinou corte de ponto e demissões, o movimento paredista não cedeu às chantagens e se manteve forte na luta contra o descaso.

“As nossas reivindicações, como Plano de Carreira e Vencimento (PCV), reposição inflacionária e liberação para estudo, são prerrogativas garantidas por leis federais e municipais”, frisou o docente Daniel Barboza, lembrando que esses direitos estão sendo descumpridos pelo prefeito, com a conivência do judiciário capixaba.

Apoio da comunidade escolar. Durante o período de greve, os professores realizaram diversas ações que contaram com a presença de pais, mães, alunos e profissionais da rede. “Fizemos debates, reuniões e vários atos de rua com as escolas de São Pedro, Jardim Camburi e Bento Ferreira, por exemplo. Mostramos para a sociedade os motivos da nossa greve e que lutar não é crime”, lembrou.

Término da greve e demissões. A represália foi tão grande por parte do executivo que a categoria decidiu, em Assembleia por voltar às atividades. “Recebemos convocação para retorno imediato e até ameaças de Processos Administrativos Disciplinares (PADs) por abandono de cargo”, afirmou Daniel. O direito de greve para o servidor público, segundo ele, não pode ser considerado renúncia ou afastamento do cargo.

O prefeito Luciano Rezende se negou ao diálogo com o movimento mesmo com a intermediação do Ministério Público Contracheque professorEstadual (MPES). Rezende (PPS) demitiu professores que estão impossibilitados de trabalhar no serviço público por cinco anos. Com o corte de ponto, centenas de profissionais tiveram seus contracheques praticamente zerados. É válido lembrar que com o corte, os trabalhadores ficam desobrigados a repor as aulas.

Desmonte. A educação pública nas esferas municipais, estaduais e federal enfrenta um processo severo de destruição. “Esses espaços estão sendo sucateados e o trabalho dos profissionais precarizado. O objetivo é acelerar o processo de privatização”, destaca o presidente da Adufes, José Antônio da Rocha Pinto. Ele lembra que os professores não abrirão mão de um projeto classista de educação, que atenda as necessidades da comunidade escolar como um todo.

Estado de mobilização. A votação pelo fim da greve, no dia 24, foi acirrada. O movimento paralisou mais de 70 escolas e categoria continua em estado de luta. “Nossa pauta inclui ainda o pagamento do auxílio-alimentação para quem tem duas cadeiras na rede municipal; a qualificação das compras públicas para a obtenção de materiais escolares de qualidade; a reforma e manutenção dos prédios públicos”, disse Barboza. 

Fonte: Adufes