Professores e estudantes da Uespi fazem manifestação no palácio do governo

Docentes e estudantes pedem mais investimento para a universidade, assistência estudantil e valorização da categoria docente.

Os relatos de falta de valorização, de infraestrutura, de docentes e técnicos e de assistência estudantil na Universidade Estadual do Piauí predominaram durante manifestação no Palácio de Karnak, sede do Executivo do estado, na capital Teresina. Professores e estudantes, da capital e interior do estado, se reuniram no local para realizar uma aula pública e cobrar do governo estadual uma resposta à situação crítica da universidade.

Para a professora Rosângela Assunção, coordenadora geral da Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp Seção Sindical do ANDES-SN), ações como essas são necessárias para mostrar ao governo do estado que a comunidade acadêmica da instituição está mobilizada e que exige respostas imediatas.

“São problemas graves e de longa data. Estamos há 5 anos sem reajuste salarial, mais de 5 anos sem concurso público e há muito tempo a Uespi vem sofrendo um processo de sucateamento das suas estruturas. Agora, a falta de professores vem colocando diversos cursos em situação de ilegalidade, inclusive, muitos deles estão parados por falta de quadro. Isso não podemos aceitar”, afirma Rosângela.

A professora Lila Luz, 1ª vice-presidente da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN e da coordenação do Setor as Instituições Estaduais e Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes) do Sindicato Nacional, esteve presente na mobilização, que também marca o início da Semana Nacional de Lutas das Iees/Imes. “A mobilização expressou uma importante articulação da categoria docente com os estudantes e também com outros movimentos populares, que mostra a capacidade que o sindicato e suya base tem de dialogar com esses movimentos. Importante também por que a mobilizou assegurou uma mesa de negociação com a reitoria”, afirmou. 

Ao final da aula pública, professores e estudantes se somaram aos moradores da Ocupação Alto do Vale, que também estavam em mobilização no Palácio de Karnak, lutando pelo direito à moradia. Ambos os movimentos saíram em manifestação pela Avenida Frei Serafim.

“O objetivo aqui é chamar atenção da sociedade para os graves problemas que enfrentamos por conta do descaso do governador Wellington Dias. É por educação, mas é também pelos direitos do povo pobre da periferia. Estamos aqui por moradia para os trabalhadores da ocupação Alto do Vale, Dandara dos Cocais e Esperança Garcia. Pela regularização desses terrenos”, explicou Cléia Santos, estudante de História e representante da CSP-Conlutas.

Reivindicação dos estudantes. A principal queixa dos estudantes é com relação a falta de bolsas alimentação e à pouca quantidade de refeições servidas na Cozinha Comunitária da Uespi. “Nós, estudantes, estamos cansados de ficar à margem. Não estamos tendo ensino de qualidade e estamos cansados de ver nossos colegas desistirem dos seus cursos por não terem como se manter na universidade. Isso é falta de assistência e acontece constantemente”, disse a estudante Maria Clara, diretora do DCE Uespi – Livre. 

No interior a situação é ainda mais grave. Em Oeiras, por exemplo, existem 3 cursos denegados (Pedagogia, Matemática e Letras) e um prestes a ser denegado (História). Além disso, no curso de Matemática e Pedagogia não há nenhum professor efetivo e em letras e história há apenas dois professores efetivos. 

“Pedimos a reavaliação dos cursos por parte dos órgãos competentes e uma atenção maior do Reitor, que insiste em desassistir nosso campus. Uespí Oeiras está em um prédio improvisado caindo aos pedaços sem reformas há tempos e o futuro campus com obras paralisadas. Sala de computadores com apenas 3 funcionando, biblioteca com pouquíssimos livros”, afirma Letícia, estudante do Campus de Oeiras. 

Semana de Lutas das Iees/Imes. A manifestação aconteceu no primeiro dia da Semana Nacional de Lutas das Instituições Estaduais de Ensino Superior e das Instituições Municipais de Ensino Superior (Iees/Imes), organizada pelo Setor das Iees/Imes do ANDES-SN, que acontece de 21 a 25 de maio. Os docentes reivindicam a garantia e ampliação do financiamento público nas instituições e contra a apropriação do fundo público pelo capital privado, que resulta em privatização e sucateamento.

A Semana de Lutas do Setor das Iees/Imes foi deliberada pelo 37º Congresso do ANDES-SN, realizado no mês de janeiro em Salvador (BA). Uma reunião do setor realizada em Brasília (DF) no dia 15 de abril definiu os últimos detalhes da mobilização. Entre as deliberações da reunião estão: indicação de paralisação dos docentes estaduais e municipais no dia 23 de maio, realização de aulas magnas que debatam financiamento por meio das seções sindicais do setor e produzir spots de rádios para serem reproduzidos por carros de som nas instituições, questionando o sucateamento da educação pública.

*Com edição e inclusão de informações do ANDES-SN

 

Fonte: Adcesp SSind